10 de abril de 2007

E das cinzas renasce!

A noite foi curta. Acho que o meu corpo já se começa a habituar a dormir pouco.

O despertador começou a tocar, mas eu já há algum tempo que tinha os olhos abertos. Estavam fixados no tecto branco do meu quarto. Tinha um nó na barriga, sentia um friozinho pelo corpo. Sabia que a hora se aproximava a passos largos. Levantei-me e dirigi-me para a minha rotina habitual; banho, lavar os dentes, tomar o pequeno-almoço, vestir-me, arranjar-me e sair. Com o cérebro amorfo pela sensação de que se instalara no meu estômago assim que acordara, só me dei conta do belo dia que estava quando já estava na paragem. Percebia naquele momento que o tempo parecia estar a dar uma ajuda e ai lancei o meu primeiro sorriso. A viagem de transportes públicos tornou-se mais fácil que esperava. A música esbatia-se no meu rosto, o sol a aquecia-me o coração e como por magia o amorfo tornou-se em cristalino, e assim passei uma hora a sorrir, sem pensar em nada.

Quando alcançado o fim da viagem respirei fundo… sabia que a qualquer momento ela podia aparecer. Estava ali sentado numa cadeira dura, fumando um cigarro, saboreando o meu café amargo quando o telemóvel toca. Um amigo, subtilmente, me dizia para acreditar em mim. E foi quando algo baloiçou em mim.

Ela chegara, e como por instinto recebia com um sorriso claro e sincero. Não foi preciso muito para que a sua voz me deixasse deslumbrado. A conversa fluía mais facilmente que eu imaginava, e logo percebi todo aquele deslumbre era diferente do que sentira meses atrás. Tenho que admitir que ver-te daquela maneira deixou-me triste, ver-te tão por baixo, deixou-me abatido. Ver a super-mulher que conheci, derrotada mexeu comigo. Ver-te a lutar contra a gravidade que teimava puxar a água que se acumulara nesses teus olhos cor de avelã, fez-me perceber que de facto este mundo não tem lugar para pessoas com coração grande.

A conversa terminara rápido pois, tempo é o que não tens, e compreendi os motivos.

No caminho de retorno, percebi que renascia das cinzas um novo sentimento, um sentimento de compaixão, de gratidão, de amizade. Hoje sinto-me em condições de te agradecer por seres como és, e pelo que hoje sou. Sei que se me caiem lágrimas, são lágrimas de felicidade, pois não guardo tristeza por ter acabado, mas sim felicidade por um dia ter existido. Por isso estou e sempre estarei disponível para te dar o que de melhor eu tenho… um ombro amigo para desabafares, dois braços fortes para te abraçar… uma mão sempre estendida para te ajudar a levantar.

Vejo que vivo apenas com um propósito, lutar pela felicidade alheia, lutar para que aqueles de quem eu gosto, sejam felizes… contentando-me apenas com o que sobeja dessas felicidades.

Viver assim vale a pena quando as pessoas, por quem damos tudo, são pessoas como tu.

Tenho um coração demasiado pequeno para guardar rancores, ressentimentos e mágoas, mas suficientemente grande para abraçar todos aqueles que me tocarem.

Há pessoas que despertaram o que há de pior em mim, mas tu despertas-te mais uma vez tudo aquilo que eu acho que tenho de melhor em mim.

Obrigado por me ensinares mais uma vez a amar, tenho a certeza que daqui nascerá uma grande amizade…

Não te esqueças que os amigos servem para nos darem de beber o alento, num copo sem fundo.

Adoro-te

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