Neste texto vou pedir a todos um pequeno exercício mental:
Agora vamos supor que neste universo as pessoas estão ligadas entre elas de forma directa e indirectamente.
Nestas condições vamos estabelecer uma “condição de fronteira” para começar a desenvolver o problema, vamos imaginar que a pessoa X, tem uma dor de dentes. A pessoa A toma conhecimento do facto através de X, sem grandes pormenores, e em conversa com B, A diz:
Ao que B comenta:
- Ninguém o mandou comer doces!
Entretanto B encontrou C e disse:
- Já ouviste? X tem uma dor de dentes! FOI porque comeu um caramelo! ACHO que ele não lava os dentes!
Ao que C pergunta:
- Como soubeste isso?
E B diz que ACHA que foi Z que disse a A.
Então uns dias depois C encontra D na rua e diz:
- Tu nem sabes o que aconteceu a X! Está de cama com uma infecção dentária que não lembra a ninguém! FOI porque comeu um pacote de caramelos e nunca lavou os dentes! ACHO que os dentes dele nunca viram um dentista!
- E como é que tu sabes disso? Pergunta D espantado.
- FOI Z que disse isso a toda gente! Não se pode confiar muito nele, ele chiba-se de tudo!
Contudo D, em conversa com E disse:
- Ouve! Nem sabes o que me disseram no outro dia! O X tem a boca toda infectada! Tem os dentes todos infectados!
- Então porquê? Perguntou E.
- FOI porque devorou um quilo de caramelos, nunca lavou os dentes e nunca foi ao dentista.
- Bem! Isso é muito grave! Como se soube?
Ao que o D disse que havia sido Z que tinha dado com a língua nos dentes!
- Bem, acho que vou deixar de falar com X pois é um pouco nojento e com o Z pois não é de confiar! Comenta E.
Entretanto X encontra Z, e X conta-lhe que nos dias anteriores tinha trincado um osso que lhe fizera doer um dente, mas como foi logo no dia seguinte ao dentista tudo ficou resolvido num instante e Z ficou feliz por ele, mas entretanto Z perguntou a X.
- Tens falado com A, B, C, D e E?
- Não?! E tu?
- Também não! Não entendo porque se afastaram de nós!
Este exercício de correlação social será mais fácil de perceberem, se conseguirem reparar a facilidade com que as pessoas passam do verbo ACHAR para o verbo SER. É estranhamente fácil para as pessoas passarem da suposição alheia para a certeza pessoal!
Tenho a certeza que muitos de vocês estarão familiarizados com este exercício, as únicas variáveis que provavelmente se alteram serão a tão falada condição de fronteira e a extensão do universo social, pois já vi que este tipo de problemas é constante quando há um grupo social e “dialogo” é uma palavra inexistente no dicionário de muitos.
Haja paciência… Haja coragem para se falar sem medo de ouvir!