13 de dezembro de 2007

Não custa tentar....

Bem, a criançada toda o faz, e eu, como tenho um espírito muito jovem também o decidi fazer.
Este ano vou escrever ao Pai Natal uma carta com o meu pedido... sim eu só tenho um pedido, não peço muito. Deixo o meu pedido aqui em público, não vá alguém querer poupar o Pai Natal desse trabalho:

Aqui está uma foto do meu pedido:




Bem, a cor não é a favorita, mas se vier assim já não me queixo, não sou esquisito.
Para quem não o está a reconhecer, trata-se do Porsche Cayman.
Quanto à mulher não é preciso, pois para gastar dinheiro... o carro chega! :P

10 de dezembro de 2007

Thank God is Christmas…

Bem, não sei se é da elevadíssima carga de trabalho que tenho andado sujeito nos últimos tempos se é deste tempo primaveril mas eu só me apercebi que estamos praticamente no Natal quando ontem (Domingo) fui obrigado a entrar dentro de um centro comercial lisboeta! Bem há outros indícios que me fizeram suspeitar de tal. Reparei que na minha sala de estar, já se encontra feita a árvore de Natal, mas como o meu tempo é dispendido na minha secretaria ou na faculdade, nem hipótese tive de apreciar a obra de arte da minha mãe. Também um sinal bem característico é a volumosa quantidade de caixas de chocolate que gentilmente oferecem à minha mãe e que começam a empilhar por todo lado da casa. Para mim é um desgosto não gostar de chocolate, pois dizem que satisfaz algumas carências afectivas, e neste momento o que não me falta aqui em casa é mesmo chocolate… e carências…

Apesar, deste ano, o natal estar algo distante do meu pensamento, continuo a ser um apaixonado por esta época, não pelo que me está reservado debaixo da árvore, mas sim pela união festiva gerada em torno desses dias em minha casa. Posso dizer que sou um tradicionalista/conservador, pois sou daqueles que não dispensa o bacalhau cozido, com couves regadas com azeite e alho, bacalhau este comido numa mesa grande, repleta de família e alguns amigos. Claro que também não dispenso a madeira a ser consumida na lareira. Fundamental, também, é a reunião geral em volta da árvore e ver a magia surgir nos olhos do membro mais novo da família, enquanto rasga os embrulhos…

São estes momentos, entre outros, que me fazem sonhar nesta quadra, mas… é Natal…

É Natal, mas o homem teima em continuar a olhar para o seu umbigo. Este fim-de-semana houve em Lisboa a cimeira dos líderes europeus e africanos. Tenho que confessar que a pose e opulência de alguns dos líderes africanos deixou-me um pouco enjoado. Vestes espampanantes, adereços cravados de jóias e ouro e uma pose de elevada altivez fazia contrastar com as reportagens dos milhares de pessoas que todos os anos morrem à fome, de tuberculose e de SIDA naquele mal afamado continente. A miséria tão bem contrastada pelas comitivas africanas. Tiranos que subjugam os seus povos para que eles possam nadar em riquezas, tiranos que vêem acontecer genocídios como o de Darfur e nada fazem. Se alguns deles tivessem petróleo, já lá tinham os EUA em cima a reivindicar os direitos humanos…

Mas nós, pouco podemos fazer daqui, até porque aqui mesmo, onde moramos, acontecem coisas que nos deixam chocados…

Este fim-de-semana, enquanto me actualizava sobre as notícias, ouvi uma que me deixou sem capacidade de reacção. Um armazém de alimentos, roupas e brinquedos para sem-abrigo havia sido assaltado! Pergunto-me, que humano foi capaz de roubar a comida daqueles que não tem que comer? Que humano foi capaz de roubar a roupa daqueles que não tem que vestir? É por demais cruel para ser verdade… roubaram o que os outros deram por caridade, roubaram bolachas, batatas, farinhas… roubaram todas as peças de roupa novas e brinquedos novos, deixando apenas aquilo que havia sido usado. Tamanha malvadez só poderá ter sido cometida por animais sem qualquer sentimento.

Há quem possa argumentar que isso são actos de “pessoas” isoladas, mas este fim-de-semana, ao entrar no centro comercial, vi uma senhora de idade pedindo que lhe pagassem um galão ou uma torrada, que estava cheia de fome, mas as pessoas passavam por ela com as mãos demasiado ocupadas, com os sacos de compras, para tirar uma moeda … tinham os olhos demasiado ocupados, nas opulêntes e extravagantes montras, para reparar em tal senhora…

O Natal até pode ser quando o homem quiser…mas se for para ter este espírito, um dia já é demais… (Ao menos temos a maior árvore de Natal da Europa e um dos maiores índices de pobreza)

… Mas ainda bem que é Natal… ainda vai havendo quem faça generosidade, vai havendo quem compartilhe as poucas moedas que sobejam no bolso, há ainda quem olhe para este época como uma época de paz e solidariedade, há quem veja o Natal sem ser uma quadra de consumismo.

Thank God is Christmas…

28 de novembro de 2007

I can't forget!

Ultimamente tenho-me esquecido tanto disto que tive que colar um Post-it na minha parede!

Diz-me!

Diz-me!
Diz-me que dia é hoje! Para variar estou perdido e só tu para me deixares mais desorientado
Diz-me que horas são! Estou atrasado para viver e tu pareces querer-me fazer mais lento.
Diz-me que lugar é este! Quatro paredes pintadas de vazio que tu não queres preencher.
Diz-me com o que sonhas! São ternos momentos ou são ardores reais?
Diz-me onde vais e se me levas contigo!
Diz-me se me viste, hoje, de olhos fechados!
Diz-me qualquer coisa!
Diz-me quem sou eu! Sabes bem que não sou aquilo que tu julgas que sou.
Diz-me quem és tu! Não sei porque mas para esta acho que não tens palavras para esta.
Porque não me dizes o que tanto te agonia a garganta? É teimosia? Tantas vezes, tantos dias, por causa de tantas teimosas, perdemos a oportunidade de ver de outra maneira o que nos rodeia.
Porque não vês que tanto repúdio, tanto desdém é porque há algo preso dentro de mim?
Diz-me se ainda me reconhecerias se me visses!
Diz-me se há em ti, vontade de te perderes em mim!
Diz-me se sentes a minha falta quando me deixas!
Diz-me tudo o que queres dizer, tudo o que de bom e de pior, por mim tiveres dentro de ti!
Diz-me que não ficas calada!
Diz-me!

26 de novembro de 2007

Cold Night... Hot Tea, Hot Jazz!

Há para todos os gostos! Há os que vêm da Pérsia, outros da Índia e até da China, como dizia a publicidade. Há os mais intensos, mais suaves, exóticos ou clássicos, de frutos ou de ervas. Há aqueles com características medicinais, há outros com características relaxantes. Há pretos, vermelhos, verdes e muitas outras cores, há dietéticos mas todos eles são diuréticos. Os frios, refrescam-nos o corpo nos dias quentes de verão, os quentes, por seu lado em dias de Outono e Inverno, aquecem-nos as mãos, o corpo, o coração e se soubermos aproveitar bem o momento... aquecem-nos também a alma. Há quem o beba com açúcar, há quem goste dele frio… eu gosto dele sem açúcar e prefiro-o bem quentinho. Há uma variedade quase infinita, mas atenção as imitações…

Assumo peremptoriamente que sou um viciado em chá, e hoje escolhi uma infusão de frutos do bosque para me fazer companhia no sofá, junto da minha lareira onde a madeira não pára a crepitar, agarrado ao meu cobertor mega fofinho, a ouvir um belo som instrumental em tons de Jazz, pensando que filme vou escolher para terminar a noite!

Viva o fogo nas lareiras, viva os sofás confortáveis, viva os cobertores macios, o chá bem quentinho, a boa música e os bons filmes. Só falta a companhia, mas não se pode ter tudo…

Já precisava de um fim de dia assim!

(Já agora viva as pipocas caseiras que fui fazer há última da hora…)

19 de novembro de 2007

O melhor amigo do homem.

Há uma questão que ficou retida na minha mente. Será a tristeza contagiosa?

Hoje cheguei a casa mais cedo que esperava e aproveitando isso fui tratar da bicharada da casa. Deixei para último a minha “menina”. Já quase há 5 dias que mal a via e hoje tinha a hipótese de estar um pouco de tempo com ela. Claro que não foi preciso eu descer as escadas todas até ao quintal para ela começar aos saltos e a ladrar.

O dia havia me corrido muito mal e não estava com grande ânimo e ela assim que me viu chegar, calou-se e ficou sentada. Fiquei com a sensação que ela percebera que hoje eu não estava, de todo, naqueles dias, toda a sua explosividade ficara contida nela. Chegou-se a mim e aninhou-se a meus pés como um olhar que metia dó a qualquer um. Então ali fiquei eu a passar-lhe a mão pelo pêlo macio. Ficamos os dois ali quietos como que a confortarmo-nos mutuamente, num silêncio de cumplicidade. Eu sei que parece estúpido pensar isto, pois ela é um animal, uma cadela, mas ninguém me tira da cabeça que os animais são capazes de sentir o que sentimos, que nos conseguem entender. Foi como um desabafo, um grito mudo, foi bom tê-la ali para ouvir aquilo que eu queria dizer e não podia.

Realmente, quanto mais conheço as pessoas mais gosto da minha cadela.

18 de novembro de 2007

Está frio lá fora.

Apesar do belo dia que esteve, a noite chegou fria para nos fazer chegar aos cobertores, para nos fazer apertar a escaldante chávena de chá. Hoje optei por um chá de cidreira para me fazer um pouco de companhia.

O vapor que emerge da chávena vai embaciando um pouco o vidro da minha varanda. Lá fora está escuro, a lua está alta no céu limpo. Sinto um arrepio e uma vontade ainda maior de me embrulhar no pequeno cobertor, sim o Outono já chegou… mas acho que são as luzes dos efeitos de natal que algumas casas começam a ostentar, que me faz ver que já estamos em pleno Novembro.

O meu dia começara tarde. Não sei porquê mas hoje levantei-me tarde. Acho que o cansaço esbateu-se me mim depois de tantos dias a estudar a fundo. O dia já ia alto e dessa forma eu comprometi a minha agenda. Lembro-me que me tinha comprometido a mim mesmo a arrumar o meu quarto e escritório, mas agora, olhando para trás, vejo que nem a cama fiz…

Sai de casa antes de almoço com a consciência pesada, pois a minha lide doméstica havia ficado em suspenso por tempo indefinido, mas também acabei por não dar muita importância a isso, hoje isso para mim não fazia qualquer sentido.

Senti uma extrema necessidade de adrenalina e acabei por aceitar um desafio para um passei de Todo-o-Terreno. Pelo menos foram umas horas da tarde onde a concentração, a adrenalina e o regozijo subjugaram as minhas preocupações.

Agora, de chá na mão percebo que nem jantei… hoje nem vontade para isso tive. Entendi também que já a mais de uma hora que estou dentro do meu quarto, ora observando a janela, ora observando as fotografias. Percebi agora que esta semana foi muito especial, foi uma semana de grande aprendizagem, de grande companheirismo, de a grande entrega pessoal, uma semana de muito estudo, onde revi grandes amizades, reencontrei caras familiares, onde pontos de vista diferentes foram discutidos em bom tom, onde apreendi que por todo lado existe alguém que gosta de falar comigo, que gosta de estar comigo. Foi uma semana que eu classifico de muito positiva… como não tinha há muito, muito tempo, principalmente ontem, sexta e quinta, mas há sempre um mas, nunca nada é perfeito…

Eu ainda não consigo tirar os olhos de Lisboa por saber que estas ali, daquele lugar que eu consigo ver daqui. Continuas cá dentro de mim, enaltecendo um pequeno ardor que a ironia da vida colocou em mim.

Não há nada mais que possa fazer senão te ver desta distância, dentro do meu quarto, porque está frio lá fora e eu prefiro ficar aqui no meu cantinho.

13 de novembro de 2007

Este Sentimento.

Este sentimento… este meu fado, tão vivido, tão magoado.

Este sentimento desgovernado, marcado a fogo e calcado em funda melancolia.

Este sentimento dilacerado, que noite e dia, me arrebata e me agonia.

Este sentimento desenganado, de saudades desmazelado, enche-me a vida vazia.

Este sentimento alucinado, que me desvaria entre o luto e a alegria.

Este sentimento sendo assim tão desencontrado, este meu sentimento desesperado, que por outro sentimento meu, eu escreveria?

9 de novembro de 2007

Altura dos "Porquês"! (Parte IV)

Porque é que, por vezes, as lágirmas caiem-nos do rosto quando perdemos algo que não podemos repor.
Porque é que me sinto triste sempre que me comprometo a aprender com os meus erros.
Porque é que se nunca tentarmos, nunca o saberemos.
Porque é que, por vezes, nos sentimos tão cansados que nem conseguimos adormecer.
Porque é que recebe menos quem mais tem para dar.
Porque é que nem sempre somos bem sucedidos, quando damos o nosso melhor.
Porque é que nunca duvidamos daquilo que achamos ter certeza.
Porque é que tenho tudo o quero, mas não o que preciso.
Porque é que mais conheço as pessoas mais gosto da minha cadela.
Porque é que o grande medo das pessoas é a mudança.
Porque é que me sinto a desperdiçar a minha juventude...

5 de novembro de 2007

Poeira Azul.

Os teus olhos são como negras aranhas que tecem fitas pelo teu cabelo e pelo teu vestido. Em mim tecem desesperos e incoerências.

Pedi-te para voltares atrás naquele minuto. Nunca estivemos tão perto do sol tal como quando Ícaro fugia do labirinto. Lenta ascensão, vertiginosa queda e um arrepio quando os lábios se encontraram.

Queria partilhar tudo contigo… aquela poeira azul que distorcia todo o ambiente que nos cercava, aquele ribombar que ecoava no meu peito, aquele sabor que a minha boca parecia estar a sentir… tudo isto enquanto tropeçávamos juntos pelos olhares da multidão. Eles pareciam querer nos ignorar, mas não havia mal, pois eu sentia-me cheio de orgulho por ser aquilo que desejavas… nem que fosse só naquele momento.

Pálida pele, olhar estrelado, movimentos delicados, um sorriso estonteante… tudo isto se consumia em mim.

Então voltei a pedir-te para voltares atrás naquele minuto. Nunca me senti tão perto da morte e tão vivo ao mesmo tempo.

Queria partilhar tudo contigo… toda aquela poeira azul…

31 de outubro de 2007

Uma trajectória.

Pelos paralelos sujos e gastos, eu caminhava. Um trajecto, uma rotina tão normal como o respirar. Parece que o tempo não passa por ali. O louco está sempre na mesma esquina, falando alto para as pessoas que passam como que a partilhar os seus pensamentos insanos, mas que é a insanidade? Que parâmetros definem o que é ou não é insano? A mim parece-me tão ténue a barreira que delimita a loucura da sensatez.

O breu dos túneis mostra-me uma face reflectida no vidro, uma face distorcida pelas outras luzes que estão na carruagem, uma face triste, a minha face.

Já na superfície o sol batia-me na cara enquanto um pensamento batia na minha cabeça.

Não sei se foi pelo embalo do sol ou pelo sabor amargo que residia na minha boca por todas as palavras que proferi que foram contra aquilo que a minha mente queria dizer, mas percebi que não há no mundo uma lei que possa condenar alguém que a um outro alguém deixou de amar. Estava patente a minha desgraça, o meu reconhecimento de um erro… não adiantou em nada fugir, pois o bicho já me havia apanhado. Agora resta-me pouco a fazer senão retroceder tanto o quanto for possível. Há que minimizar os danos e olhar em frente…

Hoje o dia está bonito, quem sabe perfeito para isso…

29 de outubro de 2007

Altura dos “Porquês”! (Parte III)

Porque é que, por vezes, um “Amo-te” dói mais que um “Odeio-te”?
Porque é que não podemos escolher de quem queremos gostar?
Porque é que, mesmo sabendo que o sonho se vai tornar num pesadelo, queremos continuar a sonhar?
Porque é que tudo o que sobe desce, mas nem tudo o que desce sobe?
Porque é que há alturas em que cremos naquilo que negamos uma vida toda?
Porque é que há sempre um “mas” e um "senão"?
Porque é que estamos em Outubro e parece que a primavera acabou de chegar?

26 de outubro de 2007

X-files ao estilo português.

Não é segredo nenhum que eu sou um adepto de futebol, o que torna óbvio que vejo muitos jogos na televisão. Também não é segredo que os comentadores têm saídas fantásticas durante os relatos, mas eu decidi focar-me numa observação que dramaticamente se tornou num cliché, “A relva está molhada, e a bola ao bater nela acaba por ganhar velocidade”. Isto é repetido sempre que chove e por todos os comentadores.

Eu acho que era de chamar a atenção aos júris dos Prémios Nobel pois estamos perante um fenómeno que contraria uma das principais leis fundamentais da física, e documentado pelos nossos melhores narradores de futebol. O Sir Isaac Newton deve dar três voltas no seu túmulo sempre que isto é dito!

Não seria mais correcto dizer que “a bola não perde tanta velocidade”, em vez de “a bola ganha velocidade”?

Seria engraçado, bastaria construirmos uma extensão grande de relva, esperar que chovesse para chutarmos a bola e observarmo-la a ganhar velocidade até atingir a velocidade da luz… será que não é óbvio que se a bola pára é porque não está a ganhar velocidade?

O segundo caso tem contornos mais graves…

Um belo dia, numa aula de uma cadeira de física, na minha faculdade, um professor de elevado estatuto curricular tem esta saída; “…isto acontece quando aquecemos a temperatura…”.

Não sei porquê, mas imaginei-me logo a pegar num quilo de temperatura, a coloca-la numa panela, a ligar o lume na esperança de ver tal fenómeno de aquecer a temperatura. O fantástico foi ele ter repetido três vezes a mesma frase, até que eu desisti de tentar entender o que ele estava a tentar mostrar… Será que ele queria dizer; “…isto acontece quando aumentamos a temperatura…”?

Enfim… tantos talentos perdidos por este país… verdadeiros Einstein’s e Newton’s portugueses…

15 de outubro de 2007

Fotografia

Foi quando cheguei do banho que me apercebi que o meu quarto precisava de uma boa limpeza. Achei que não era tarde, nem era cedo, e armei-me, até aos dentes, com objectos de limpeza.
Enquanto limpava as mais profundas entranhas do meu cantinho, que esbarrei com uma caixa. O pó fazia notar que havia passado muito tempo desde que tinha sido aberta pela última vez. Depois de remover a poeira, sentei-me na minha secretária e coloquei aquele pequeno objecto a minha frente. Era, obviamente, uma caixa mais pesada do que parecia ser, devido ao peso das memórias nela contida.
Fiquei a contempla-la por uns instantes, antes mesmo de abrir, e quando finalmente decidi fazê-lo, vi um monte de doces recordações que se foram acumulando em fotografias.
Não foi preciso muito para achar uma fotografia em particular…

Eu, tu… nós dois… naquele terraço à beira-rio, o sol ia caindo e o teu olha parecia acompanhar a cor do rio. Parecia que não queríamos ir embora. A tarde caía e ia se desfazendo em milhares de cores até ao escurecer. O sol já tinha caído sobre a outra margem… era um final de tarde quente, como só o verão nos proporciona. Era tudo perfeito.
Era só eu, tu… nós dois… sozinhos naquele bar, a meia-luz, iluminados pela lua que se erguia bem alto, a conversa, que era sempre agradável, parecia ter sempre assunto. Era tudo tão perfeito…

Enquanto contemplava a tua fotografia daquela tarde, havia uma suave melodia a fluir do meu rádio, fazendo-me ver que há sempre uma canção para aquela velha história de um desejo que, quase, todas as canções tem para contar, de um desejo daquele beijo… aquele beijo que tantas vezes tocamos…

Era tudo perfeito… demasiado perfeito…

9 de outubro de 2007

Uma lágrima!

Estava a ver que a noite não chegava. Hoje, esperei ansiosamente, por esta hora. Estou exausto… estou extenuado, mas finalmente chegou a hora de eu deitar a minha cabeça debaixo da almofada, deixar cair a minha máscara de corajoso e chorar… chorar…

Chegou a hora de ser invejoso e egoísta e pensar só em mim enquanto choro…

O silêncio do meu quarto é frio, por isso vou ter que me esconder debaixo dos meus lençóis para que o meu pranto não ecoe pela casa. Não quero que mais ninguém saiba o que faço… não quero que ninguém me veja derramando o sal.

Estou cansado, estou extenuado… e choro… muito…

8 de outubro de 2007

Uma curta do Tim!


Tim Burton, e o seu grande talento!

Muito boa curta!

Faz me lembrar alguem :S

Saudades do Futuro.

Há algo no horizonte!

São pássaros animados pelo anúncio de mais uma amena tarde outonal!

Sinto o meu espírito solidário com a alegria deles!

Outono…

Uma estação onde a mudança está implícita. As árvores dão ordem as suas folhagens para trocar o verde resplandecente, pelo castanho velho, mas eu ainda continuo na mesma, com a minha solidão compulsiva. Mais uma vez, encontro-me fechado no meu cantinho, ouvindo melodias sem voz que embalam os meus sonhos, que fazem a minha alma dançar uma valsa em Si, que emancipam a minha dor num tom em Dó menor.

A dança continua, mas eu permaneço, aqui sentado, nesta cadeira onde deixo os meus olhos se fecharem para que também eles possam sonhar. O meu tacto sente o calor que trespassa o vidro da minha janela; a minha audição capta as vibrações que flutuam pelo meu quarto; o meu olfacto sente o sabor flagrante de mudança que se encontra no ar; já o paladar, por sua vez, sente o odor adocicado que o sol propaga lá no alto.

Continuo parado, mas isso é só uma questão de perspectiva, pois dentro de mim corre um contemplamento superior, que me confronta numa antítese, fazendo todo o meu corpo estremecer. Será um arrepio? Acho que os outros chamam-lhe de ânsia de viver, mas eu chamo-lhe apenas de Saudades do Amanhã!

7 de outubro de 2007

Talvez, um dia, tudo faça sentido!

Embalado por baladas que fazem a melancolia mais profunda despertar, deambulo pelo meu quarto. Reparo que as paredes já não são mais brancas e pergunto-me quando terão elas mudado de cor. Terá sido no verão ou foi no defeso da minha dor? Não sei, mas contudo, nelas permanecem as mesmas memórias, os mesmos reflexos de acontecimentos que não mais voltaram a acontecer.

Estou triste, há mais que muitas razões para me sentir assim, mas algumas delas não merecem sequer uma palavra proferida.

Tenho um nó no estômago, não sei o que se passa com tempo, parece que parou! Estou em casa sem vontade de sair, de falar, de estar com quem quer que seja. Encontro-me perdido, completamente à deriva. Tudo que consigo manifestar é que nunca mais quero confiar em ninguém, nunca mais me quero entregar a ninguém, nunca mais quero saber de ninguém, nunca mais quero conhecer ninguém. As pessoas não merecem a minha confiança, a minha amizade e amor, as pessoas são falsas. Já a sabedoria popular diz: Mais vale só, que mal acompanhado; e é nisto que me vou refugiar!

Desculpem os demais, mas é inevitável não sentir isto…

Só quero estar fechado nesta minha conchinha, agora com paredes pintadas de azul celeste e bege, quero construir aqui o meu mundinho… sozinho…

6 de outubro de 2007

Altura dos "Porquês"! (Parte II)

Porque é que inventaram o voto de confiança se ninguém o aproveita quando lhe é dado?
Porque é que as pessoas não percebem que a mentira tem perna curta?
Porque é que as pessoas tem apenas uma amplitude de visão do tamanho do próprio umbigo?
Porque é que quem semeia ventos, não percebe que pode colher tornados?
Porque é que, eu não tenho sorte, nem ao amor nem ao jogo?
Porque é que, um pouco a mais de álcool, dá dores de cabeça no dia seguinte?

Ontem foi um dia de muitas emoções, desilusões e azar no Poker!
Ainda estou a tentar perceber quem é o verdadeiro culpado pela minha dor de cabeça; Se é as Caipirinhas, os Martinis, o Whiskey, os Favaítos ou a cerveja...
Tenho que reorganizar as minhas ideias, mas hoje não...

2 de outubro de 2007

Humanamente falando, ou escrevendo.

Assumo, desde já, a minha meia-culpa e a minha máxima desculpa de um algo que não cometi, contudo é certo que se, antes de cada acto nosso, nos fosse permitido prever as consequências dele; primeiro as imediatas seguidas das prováveis, depois as possíveis e por fim as imagináveis, é certo e sabido que não nos mexeríamos do local onde o primeiro pensamento nos fizesse parar!

Quero crer que, tanto os bons como os maus resultados dos nossos feitos, se distribuem uniformemente por todos os dias do nosso futuro, incluindo aqueles dias longínquos, em que já não estaremos cá para poder comprová-los, para nos felicitarem ou então para pedirmos perdão! Esta é que poderá ser a tão falada imortalidade.

Hoje, este cliché não me saiu da cabeça; Desculpas não se pedem, evitam-se.

E os erros também se podem evitar?

1 de outubro de 2007

Quando a minha mente "pecca".

A noite chegou densa. O dia fora carregado de cinzento. Ao céu não foi permitido mostrar o seu esplendoroso azul celeste.

Da minha varanda contemplo o nevoeiro que não me deixa ver para lá da rua detrás. Há apenas algumas luzes que lutam por se fazer ver, corajosas e solitárias, tentam contrariar a reduzida visão.

Sente-se no ar o misticismo que esta névoa, por si só, acarreta.

Já algum tempo que me questiono sobre algumas coisas e agora entendo que toda a minha sapiência de nada me serve, quando os factos recorrem directamente a mim. Vejo que, também eu, estou cego pelo nevoeiro que se instalou na minha vida.

Sinto raiva de mim, ou mesmo repúdio.

Observo uma tesoura no cimo da mesa, e tomo a liberdade de incriminá-la na minha doença, usando-me dela para rasga o meu peito e abrir o meu coração, mas para meu espanto tudo o que sinto é apenas o velho bafio do vazio que em mim se instaurou.

Sinto-me a salivar de tanto acre saborear. Há um tom de azedo no ar e minha mente não para de culpar aquela tesoura pelo corte incisivo que fez no meu peito.

“Acorda Nuno!”, oiço eu! Estarei eu a sonhar? Mas logo sinto o quente fluido que se esvai pelo meu peito. Não é sangue, para meu espanto! São apenas lágrimas choradas pelo por uma alma mal lavada.

Não entendo o que os anjos querem de mim, não percebo se me pedem perseverança e insanidade ou pedem apenas para eu não ser mais quem eu nunca fui.

Já não sei mais que pensar… Estou cansado de ser uma marioneta nas mãos da vida, estou farto da sua hipócrita ironia, estou cansado de ver o que não me era permitido ver, estou exausto, estou… cego…

24 de setembro de 2007

Estado de Sítio: O diz que disse!


Neste texto vou pedir a todos um pequeno exercício mental:

Vamos supor um universo de pessoas de domínio: A, B, C, D, E, X e Z.

Agora vamos supor que neste universo as pessoas estão ligadas entre elas de forma directa e indirectamente.

Nestas condições vamos estabelecer uma “condição de fronteira” para começar a desenvolver o problema, vamos imaginar que a pessoa X, tem uma dor de dentes. A pessoa A toma conhecimento do facto através de X, sem grandes pormenores, e em conversa com B, A diz:

- B, Sabias que X tem uma dor de dentes? ACHO que foi por ter comido um caramelo hoje de manhã!

Ao que B comenta:

- Ninguém o mandou comer doces!

Entretanto B encontrou C e disse:

- Já ouviste? X tem uma dor de dentes! FOI porque comeu um caramelo! ACHO que ele não lava os dentes!

Ao que C pergunta:

- Como soubeste isso?

E B diz que ACHA que foi Z que disse a A.

Então uns dias depois C encontra D na rua e diz:

- Tu nem sabes o que aconteceu a X! Está de cama com uma infecção dentária que não lembra a ninguém! FOI porque comeu um pacote de caramelos e nunca lavou os dentes! ACHO que os dentes dele nunca viram um dentista!

- E como é que tu sabes disso? Pergunta D espantado.

- FOI Z que disse isso a toda gente! Não se pode confiar muito nele, ele chiba-se de tudo!

Contudo D, em conversa com E disse:

- Ouve! Nem sabes o que me disseram no outro dia! O X tem a boca toda infectada! Tem os dentes todos infectados!

- Então porquê? Perguntou E.

- FOI porque devorou um quilo de caramelos, nunca lavou os dentes e nunca foi ao dentista.

- Bem! Isso é muito grave! Como se soube?

Ao que o D disse que havia sido Z que tinha dado com a língua nos dentes!

- Bem, acho que vou deixar de falar com X pois é um pouco nojento e com o Z pois não é de confiar! Comenta E.

Entretanto X encontra Z, e X conta-lhe que nos dias anteriores tinha trincado um osso que lhe fizera doer um dente, mas como foi logo no dia seguinte ao dentista tudo ficou resolvido num instante e Z ficou feliz por ele, mas entretanto Z perguntou a X.

- Tens falado com A, B, C, D e E?

- Não?! E tu?

- Também não! Não entendo porque se afastaram de nós!

Este exercício de correlação social será mais fácil de perceberem, se conseguirem reparar a facilidade com que as pessoas passam do verbo ACHAR para o verbo SER. É estranhamente fácil para as pessoas passarem da suposição alheia para a certeza pessoal!
Tenho a certeza que muitos de vocês estarão familiarizados com este exercício, as únicas variáveis que provavelmente se alteram serão a tão falada condição de fronteira e a extensão do universo social, pois já vi que este tipo de problemas é constante quando há um grupo social e “dialogo” é uma palavra inexistente no dicionário de muitos.

Haja paciência… Haja coragem para se falar sem medo de ouvir!

20 de setembro de 2007

Altura dos "Porquês"!

Porque é que o sol, quando nasce, não nasce para todos?
Porque é que a vida não são só 2 dias?
Porque é que o mundo não é assim tão pequeno como dizem?
Porque é que tudo que vai nem sempre volta?
Porque é que não passaram um atestado de incompetência a quem sugeriu o tratado de Bolonha?
Porque é que as macieiras não dão bigornas? É que se dessem, Newton tinha aprendido da pior maneira a lei da gravidade e eu não tinha tanto com que me chatear hoje em dia!

Ufa! Este semestre vai ser muito complicado!

18 de setembro de 2007

A facto ad jus non datur consequentia; A posteriori.


O que é isto em que esbarrei? Onde é que o sentimento se perdeu? É nesse instante que a resposta bate-me a porta e vejo que ele se perdeu quando se começou a estabelecer regras exactas para ele se pudesse manifestar…

O horror está instalado em mim, tal como o pânico.

Ultimamente, tenho desejado ter um desejo, um desejo que me fizesse nunca mais querer outro, um desejo que fizesse com que nada mais interessasse, mas vejo que tudo o que me resta é esperar que o que me rodeia se dissolva numa fracção de segundos, apaziguando assim o meu anseio.

Cheguei ao fim do capítulo final de um qualquer livro. Li todas as páginas que encontrei e continuo sem encontrar uma resposta.

Tudo o que sei, é que tudo o que ousara ter sido, um dia, mais cedo ou mais tarde acabá por reflectir algo em mim. Essa é a única maneira que as coisas têm para ser.

Então aqui fiquei ao sol, respirando com os meus pulmões e com a minha alma, tentando me poupar da altitude da verdade que me diz que tudo o que alguma vez viram em mim, foi apenas um reflexo de um espelho, colocando assim a fasquia mais alta, fazendo o meu pensamento ousar desejar que eu me colocasse numa banheira cheia de água gelada para que esta ideia febril passasse.

Alcanço assim conclusão do dia: existe um momento certo para interromper tudo!

Apercebo-me que, o que realmente preciso é de um tempo para poder descansar este peso que o mundo pôs sobre os meus ombros, um tempo onde nada me seja questionado, onde eu consiga dar vazão a este pranto que na minha carne se encrostou, um tempo onde eu possa por fim baixar esta máscara de “forte e corajoso”, um tempo onde possa ser cobarde e invejoso…

Quero um momento onde todas estas dores atrozes que me rodeiam me invadam o corpo, um momento onde todo este ódio gerado se consuma em mim até ao meu último folgo e mesmo depois disso espero que todos respeitem e compreendam a minha decisão, mesmo que eu não a aceite, mesmo que eu não saiba lidar com ela…

11 de setembro de 2007

O último segredo dos oceanos.


Porque choraste tu?

Ainda vejo no teu rosto os cristais de sal que as tuas lágrimas deixaram.

Foi porque hoje os céus bocejaram violentamente ou porque ouviste as ondas baterem as asas que tu delicadamente teceste?

Será por não haver medicação ou consolação para as tuas feridas em mim cravadas?

Porque será que mordes suavemente os teus lábios, porque franzes tu as sobrancelhas nesse ar casto?

Por favor não chores, por favor não chores mais… Choras como se eu quisesse, fosse ou devesse te pedir desculpas por algo que não cometi.

Agora olhas-me como se um segredo me quisesses contar, mas não temas as marés ou os navios fantasma que por lá navegam, pois eu estarei sempre aqui para mergulhar no teu tesouro perdido para em mim guarda-lo. Amarei, para sempre, o teu peculiar prazer.

Contemplar-te-ei no infinito, pois tu és o último segredo e o mais pecaminoso dos desejos dos oceanos.

8 de setembro de 2007

Viagens


São instantes de inconsciência. Pequenos momentos onde a loucura faz parecer que a insanidade não passa de mera vaidade. Não me perguntem se íamos a 100, ou mesmo a 200, pois para mim íamos a 1000km/h. Com a cabeça fora da janela e com os braços esticados na esperança de apanhar o vento, gritei… gritei alto e em bom som, gritei gritos que, em prol da felicidade, se transformavam em rugidos. Desta forma abri a boca e deixei que o ar me sufocasse, me privasse de respirar. A velocidade era tanta que o meu pranto se dispersava nos milhares de luzes que provinham dos placares de publicidades e dos néons que anunciavam mais um bar.

Feliz é aquele que sente o vento bater-lhe no rosto!

Prosseguimos viagem, e eu, de olhos bem fechados tentava imaginar os locais por onde passávamos, tornando assim a viagem única, diferente, autêntica. Passei por lugares onde mais ninguém havia, ou haverá, passado, por ruas coloridas, por avenidas intermináveis, por vielas inimagináveis. Fiz a minha própria viagem, ao sabor do vento, ao sabor da noite, ao sabor da amizade

“Vamo-nos perder?”- perguntaram.

E eu não hesitei e disse…

“Ainda aqui estamos?”

6 de setembro de 2007

Em ponto de orvalho!


É impressionante como conseguimos nos inundar por preocupações fúteis. Hoje passei o dia assim, pensando em coisas sem grande interesse, relegando para segundo plano aquilo que talvez me fizesse crescer um pouco mais, ou que pelo menos me desse um pouco mais de qualidade de vida.

Tinha a cabeça a mil, quando vi que eram horas de ir preparar o jantar. A ausência de discernimento limitou a minha imaginação culinária a uma sopa!

Com a panela ao lume, vi que o sol já se punha e percebi que era altura ideal para ir regar o meu jardim.

O calor ainda se fazia sentir e foi com agrado que abri a torneira e preparei a ponta da mangueira para a configuração de pulverizador. Foi como uma sensação para a vida.

Descalço, com os pés nus sobre a relva molhada, senti o meu espírito recuperar o alento. Lavei a alma com as microscópicas gotas de água e senti a temperatura descer ao ponto da perfeição. O odor do alecrim, do rosmaninho e da alfazema molhado, flutuava no ar juntamente com o perfume das 101 flores que no meu jardim habitam. Um momento de magia pura, de uma leveza impar, de uma simplicidade inigualável que me enchia de felicidade, deixando-me por fim sem qualquer problema na cabeça até que…

“Fogo! Deixei a panela ao lume!”

3 de setembro de 2007

Longa se torna a espera!

O sol já deu lugar ao escuro da noite, contudo ainda se sente a sua presença na agradável temperatura. O tempo convida-me a puxar o meu puff para a varanda onde uma brisa suave se faz notar. Pela porta do meu quarto sai a fragrância do incenso que lentamente se consome. O chá devora-me o pensamento enquanto sacia a minha alma de algo mais. Respiro fundo na esperança de conseguir mais uma vez descrever esta imagem que eu não me canso de contemplar. São sete colinas enfeitadas com milhares de luzes que a esta distância mais parecem pedras preciosas encrostadas num manto negro. No céu apenas consigo vislumbrar uma única estrela e a lua hoje parece mais tímida que o normal.

A escuridão a minha volta obriga-me a voar daqui para fora. Voo para longe, voo para lá que fica já além mesmo, entre o “sol” e o “si”.

Perco-me pelas ruas e estreitos da vida e percebo que procuro algo. Algo que desconheço, mas que sei que não vou encontrar.

Lanço-me em desafios inalcançáveis com a esperança que eu, um dia, me supere e para espanto próprio me sinta um pouco mais capaz de algo.

Não consigo descrever o que sinto. É um misto de saudade, tristeza e felicidade. Estou sem capacidade de conseguir evidenciar os meus sentimentos e desta forma fecho um pouco os olhos há espera que a brisa passe mais uma vez e me dê um beijo.

Apenas a minha música quebra o silêncio instituído meu bairro, hoje parece que até os cães, que constantemente estão a ladrar, pararam para desfrutar desta noite. A suavidade das músicas flúi por mim deixando um restinho de magoa para com a vida. É estranho como me posso sentir feliz por ter a vida que tenho, mas ao mesmo tempo me sentir tão triste por tão poucas vezes me sentir acarinhado e amado. Sinto-me tão só como aquela estrela que se ergue no denso negrume do céu.

Respiro fundo e termino o chá; fecho os olhos e para lá eu volto antes que a tristeza se apodere de vez de mim. Está na altura de mudar de música, mas vou ficar por aqui a curtir a bonita noite que está!

Serei assim tão estranho?

Já não posso mais com isto!

Que se passa com a mocidade dos nossos dias? De tanto me dizerem coisas do género “Tu não és normal!?” ou do género “Onde estacionaste a nave?” ou “ De que sistema planetário vieste tu?” ou então “Quando é que bateste com a cabeça a ultima vez?”, começo a desconfiar que não sou mesmo nada normal e os meus encontros matinais com o espelho começam a deixar-me assustado.

Aqueles que não me conhecem bem estarão a pensar porque raio as pessoas continuam a dizer, insistentemente, tais afirmações. Devo frisar que a grande parte das afirmações são me dirigidas por elementos do sexo feminino que ficam espantadas por eu (um homem) saber cozinhar qualquer tipo de pratos (incluindo aqueles que eu não gosto), por todos os dias fazer a cama, por muitas vezes passar a minha roupa a ferro, por limpar a casa de banho, por lavar sempre a cozinha, por não gostar de ver a minha casa desarrumada ou suja.

Estas frases também são proferidas por eu acordar cedo, sempre que posso (incluindo nas ferias). Tenho que admitir que me faz um pouco de impressão quem passa as manhãs todas na cama até ao meio-dia ou mais. Uma vez por outra também eu o faço, mas prefiro acordar cedo e ir dar uma volta por um jardim qualquer ou ir até a praia.

A normalidade dos jovens de agora é deixar a roupa suja acumular no monte e quando não houver mais, ou se gasta uma pipa de massa na lavandaria, ou então começa-se a reciclar roupa. É também normalidade para um jovem a pirâmide de loiça no lava-loiça que alguns, orgulhosamente, exibem a quem a casa deles vai. Há também quem ache normal que não se faça a cama, pois a noite vai ter que a desfazer de novo; mediante tal afirmação fico-me a questionar se eles pensam o mesmo da mudança de lençóis. Depois há aqueles que passam a vida nos fast-food’s pois cozinhar da muito trabalho. Não poderia deixar também de referir aqueles que ostentam com brio a colecção de bolas de cotão que com muito esforço conseguiram acumular por detrás da porta do quarto, ou o mofo de pelos que está espalhado por toda a casa de banho.

Também sei que há aqueles que fazem todas as tarefas domésticas como eu, mas não acham normal o facto de o fazer sem frete. Eu faço tudo isso sem frete (vá passar a ferro aborrece-me um pouco) pois quem corre por gosto não cansa, e se se fizer um pouco todos os dias custa bem menos.

Eu não sei bem quem tem a noção de normalidade trocada, mas para tirar a prova dos 9, tive 2 dias (o máximo que consegui) a tentar ser um jovem “normal” e foi muito mau… experiência a não repetir. De facto, para mim, a normalidade está do meu lado e não vou abdicar do meu estilo de vida!

Em relação aos outros aspectos mais pessoais, pelos quais também me acham muito diferente do normal, vou-me abster pois nenhum advogado é bom em causa própria. Se gostam assim, ainda bem, se não gostam só tem que por na borda do prato.

Com isto é hora de ir fazer o jantar, pois já oiço vozes a protestar.

30 de agosto de 2007

Há um vento frio no ar!

"Era um café e um copo de água, por favor.” – Simpaticamente, alguém pede ao barman.

Foi desta forma que acordei da minha viagem. Decidi então ordenar um capuchino e uma torrada para forrar o meu estômago.

Aqui me encontro eu, numa mesa de um bar, a espera de alguma coisa! Estou sentado, lado a lado, com o meu irmão. Está lendo em silêncio um qualquer livro. Fez-me lembrar que há algum tempo que nada leio…

A falta de cumplicidade entre mim e ele deixa-me com uma vontade de escrever, mas hoje, as minhas frustrações parecem estar bastante encrostadas em mim, ao ponto de não as conseguir soltar neste pedaço de papel virtual.

O sol, batendo na minha cara, provoca uma sensação estranha pelo meu corpo quando misturado com o fresco ar que sai do ar condicionado. É um misto de quente-frio que me deixa suado e arrepiado.

Vou degustando um caramelo na esperança que ele me traga algo de doce à vida para alem do sabor que se vai entranhando na minha boca, mas nada parece mudar.

Observo as flores que uma rapariga trás com ela e no meio daquele bonito embrulho, consigo vislumbrar rosas. Sem que pudesse contrariar o meu pensamento, tal imagem faz-me recuar alguns dias e lembrar-me de uma rosa em particular que originou em mim um misto de sensações.

De facto, as rosas são flores cínicas, são flores de aparência frágil, bela e romântica, de odores enfeitiçantes, mas todos sabemos que se não lhes soubermos pegar, poderemos magoar os dedos. São os espinhos, de tão belo aroma, que não nos permitem desfrutar todo o seu esplendor! Se lhe cortarmos os espinhos, a rosa deixa de ser rosa, e passa a ser uma flor mutada a vontade do ser humano. Deixa de ser original, casta, pura para ser mais uma coisa manipulada ao nosso bem-querer.

É na pureza das coisas que está o seu valor, e no caso da rosa, é o desafio de podermos aprecia-la nas nossas mãos, completa e sem nos magoarmos que dá ainda mais beleza à flor.

Por vezes sinto-me como a rosa, no meu estado puro, poderei ser difícil de tolerar, de apreciar e por essa razão as pessoas tentam sempre criar em mim aquilo que não existe. É com normalidade que, depois as pessoas me achem estranho, diferente, fora do normal. As pessoas ficam com receio de me “pegar” pois eu permaneço irredutível em deixar que me cortem os “espinhos”. Esse obstáculo faz com que as pessoas apenas me queiram apreciar dentro de uma jarra qualquer.

Nunca pensei vir um dia a concordar que a vida é mesmo como um mar de rosas… se não soubermos nadar nela, vamos nos magoar muito…

29 de agosto de 2007

Problemas de expressão!

Passa pouco das 4 da manhã. Encontro-me há quase 36 horas acordado e por incrível que pareça o sono teima em não chegar. A insónia parece ter-me adoptado como companheiro, para que eu possa tentar perceber em que mundo me encontro. Sim eu não consigo entender que raio de planeta é este! Por vezes quero crer que vim doutro sistema planetário.

Começo por me sentir um pouco esquisito quando me deparo com um dos maiores de todos os males; a incompreensível de falta de comunicação entre as pessoas! Sim, para mim, este é a origem de todos os outros males.

Hoje, percebo que as pessoas, há muito tempo que perderam o respeito umas pelas outras. Por todo lado vejo amigos, namorados, vizinhos, conhecidos ou colegas de trabalho discutindo por tudo e por nada, discussões sem razão alguma, brigas sem justificação.

Por vezes as discussões são inevitáveis, mas quando isso acontece, em vez de se sentarem e conversarem civilizadamente, não! Põem-se logo a apedrejar o outro, com o arsenal de pedras que acumularam no desenrolar de situações!

Quem me conhece sabe que eu não deixo passar nada em branco, se não gostei de alguma coisa, digo-o na hora, sem rodeios ou papas na língua. Não gosto de engolir sapos para depois poder mandar a cara. Daí, se calhar, alguns dos meus amigos me dizerem, que por vezes, tenho atitudes mais ríspidas, que por vezes, pareço pouco tolerante, mas não simplesmente estou a deixar tudo em pratos limpos. Pode ser uma filosofia que transpareça alguma agressividade, algum moralismo, pois eu não deixo passar uma, mas eu posso dizer que não tenho desavenças com nenhum dos meus muitos amigos! O que eu acho ou penso fica bem claro!

Sinto-me triste por ver alguns bons amigos que hoje mal se conseguem falar sem se atacarem, sinto-me triste por ver alguns casais de namorados que não conseguem passar mais de 5 minutos sem gritaram um com o outro, sinto-me triste por as pessoas não se conseguirem tolerar, não conseguirem dialogar (diálogo deve ser uma coisa que muitos devem desconhecer de todo), não conseguem falar sem gritar!

Depois há quem me acuse de intolerância e rude! A mim, que não preciso de levantar a voz para me fazer ouvir, enquanto que outras pessoas, as conversas começam a -50Db e terminam a 10Db. Parece uma competição estúpida para ver quem fica por cima, e no final nada resolvem! Ficam logo prontos para outra discussão!

Quem me conhece sabe bem que a minha base para qualquer relação é o diálogo, logo seguido pelo respeito e tolerância, e por ser assim, começo a sentir-me único!

Com isto não quero dizer que não tenho discussões, não tenha as minhas arrelias, mas acho que tenho a capacidade de perceber que depois da tempestade, é preciso esclarecer e resolver as coisas, sem agressividade verbal. Também não quero dizer que eu é que estou certo, mas acho que quando gostamos de alguém queremos é estar bem com ela e não com a sensação que temos o papo cheio de sapos e que está prestes a rebentar…

28 de agosto de 2007

Eu... já...

Já caí muitas vezes, mas já me levantei muitas mais!
Já chorei imenso.
Já me arrependi muito na vida.
Já baixei algumas vezes os braços, mas já bati muito com o pé.
Já bati muitas vezes com a cabeça.
Já aprendi muito com a vida, mas sinto que ainda tenho muito a aprender.
Já fui condenado por ser honesto e dizer sempre o que penso.
Já fui criticado injustamente.
Já fui criticado justamente.
Já critiquei com justiça, mas também já o fiz sem justiça.
Já me desiludi muito na vida.
Já dei a volta por cima.
Já fui muito teimoso.

Já tive medo de arriscar.
Já agi de cabeça quente.

Já me senti morto por dentro.
Já me senti oprimido.
Já fui sufocado.
Já fui enganado e também já enganei.
Já sorri quando a minha vontade era chorar.
Já chorei quando tudo o que queria era sorrir.
Já amei.
Já fui amado.
Já desisti do que amava.
Já senti, por entre o vidro a boca que dizia amar-me.
Já me senti completo… e por isso…
Já sou muito feliz!
Já tentei perdoar o que não tinha perdão.
Já tentei esquecer o inesquecível.
Já tentei substituir o insubstituível.
Já aprendi que, por vezes, apoiamos os nossos maiores sonhos em grandes pessoas, mas o tempo é cruel, por vezes mostra-nos que grandes eram só os sonhos e que as pessoas eram pequenas demais para os tornar realidade.

27 de agosto de 2007

24 de agosto de 2007

Porque há dias assim…


O barulho de fundo fez despertar o meu consciente. Algo ecoava pelas divisões da minha casa e o meu quarto não era excepção. Não cheguei a perceber que som era aquele, mas assim abri um pouco os olhos, constatei que a manha já havia passado. Entendi que o meu corpo já algum tempo que pedia descanso. O meu irmão ainda dormia profundamente, por isso deixei a aparelhagem desligada e dirigi-me ao banho.

Deambulei um pouco pela casa de boxers até perceber que a namorada do meu irmão se encontrava presente. Seria a primeira vez, neste dia que me sentia a mais na minha própria casa. Já vestido, dirigi-me à cozinha e lá tirei a minha primeira auto-análise do dia; fazia dias que andava com uma falta incessante de apetite. Optei então por aconchegar o estômago com apenas um copo de leite.

Após ter arrumado o meu quarto, tentei arranjar um plano para desfrutar um pouco do que restava do meu dia… mas nada me surgiu. Foi então que, pela segunda vez no dia me senti a mais no meu próprio domicilio. O olhar do meu irmão implorava por um pouco de privacidade e assim chegava a conclusão que tinha que sair.

Em parte a ideia agradava-me, pois as paredes do meu quarto há muito que deixaram de me inspirar e eu precisava muito de escrever. Arrumei tudo e arranquei em direcção de alguma coisa.

O calor apertava, sentia-se o suor das pessoas em todo lado, e eu parecia não ser excepção.

Chegava ao bar tropeçando em todos os olhares que se focavam em mim e assim me senti pequeno e estranho. Procurei por um lugar onde me sentisse inspirado e aqui me sentei.

Contudo a inspiração tardou a chegar.

Acordei do meu transe quando percebi que o copo estava vazio, o cigarro morto e a pastilha já não tinha sabor. Entendi então que o que é doce não amarga, mas perde o sabor e fiquei a pensar se não seria por isso que as pessoas estão sempre a dizer que eu sou um doce de pessoa. Fiquei assustado com tamanha dedução.

O violino e o piano inundam o meu cérebro de melodias que me fazeram regressar ao passado. Apesar do calor hoje sentido, as minhas memorias foram-se encontrar em noites de Inverno, onde a lenha estalava na fogueira, onde o som do romance se espalhava no ar e sentado num puff, lado a lado com outra pessoa, bebíamos um bom vinho que gentilmente animava a noite. Horas ouvindo a chuva cair, vendo o fogo consumir lentamente os troncos de madeira como se estivesse a degustar um doce raro. Era como apreciar um belo espectáculo de magia, um espectáculo que nos fazia brilhar os olhos após cada número.

Mas as memorias ao passado pertencem e hoje nada daquilo teria o mesmo sentido; hoje minhas retinas fixam-se noutros olhos, que tristemente parecem distantes de algo.

Teus olhos negam a existência de entes superiores! Tu és a prova que os Deuses não existem! Não lhes seria perdoado tal pecado.

Embalado pelo malte e pela cevada, sonho o meu sonho mais profundo, o sonho de mergulhar no infinito particular dos teus olhos e deixar-me inspirar pelo pecado que eles acarretam, o pecado de me deixar flutuar pelos aromas e fragrâncias da tua existência, de me envolver no teu paladar e deixar-me derreter sobre o calor da tua voz.

Se gostar de ti é pecado, eu quero arder no inferno, se gostar de ti é errado, já mais quero estar certo.

O problema é que eu, para ti, também sou como um doce! Começo a ficar cansado desta amarga vida de ser uma pessoa diferente, contudo refuto a hipótese de vir a mudar, pois apesar de tudo, gosto de mim, gosto de como sou, orgulho-me muito do que me tornei e estou a tornar. Se a vida não me der a hipótese de pecar, vou seguir em frente lutando para que o meu fado seja diferente um dia.

Já me sinto um pouco zonzo e paro para tentar perceber o que me deixara assim. Será o malte ou a cevada? O calor ou a música que me embala nesta odisseia?

Olhei para o relógio, mas não quis interpretar as horas. Senti que o tempo me desafiava para uma guerra à qual eu não quero entrar, pois tenho plena consciência que é uma guerra perdida a partida. Gosto de lutar mas só quando sei que tenho uma hipótese, não vou gastar mais energias em desafios que não me constroem.

Foco-me em qualquer coisa. Nas pessoas que estão na piscina, nas que estão no bar, nas que estão longe. Tento encontrar uma qualquer inspiração para fazer algo de novo, um desafio que muitos, gentilmente, me têm colocado; escrever um livro, mas com muito arrependimento e frustração vejo que não sou privilegiado com esse dom, e espero não desapontar ninguém. Contudo agradeço todo o vosso apoio, carinho e incentivo, mas ainda não me sinto preparado para tal.

Observo a minha carteira, e vejo que me é permitido ordenar mais uma cerveja. A ausência de comida no meu estômago parece deixar-me mais tonto, contudo o transe parece ser bastante agradável. Encosto-me para trás e choro lágrimas de alegria. Choro choros que ninguém pode ouvir ou ver. Choro por perceber que sou aquele que, por mais vezes que a vida castigue, todos os dias acordo com um sorriso no rosto e com vontade de lutar por algo mais.

"Felicidade: ventura; bem-estar; contentamento; bom resultado ou bom êxito; dita; qualidade ou estado de quem é feliz.”

Será que também nesta definição não se podia incluir, “estado ou qualidade daquele que acredita nele próprio”? Pois eu sou feliz, uns dias mais que outros, mas sou, porque hoje sinto que me demarquei pela unicidade, porque lutei por ser diferente e sempre acreditei que os grandes objectivos formam os grandes carácteres.

Sou feliz sim, e vou continuar a lutar por isso!