1 de outubro de 2007

Quando a minha mente "pecca".

A noite chegou densa. O dia fora carregado de cinzento. Ao céu não foi permitido mostrar o seu esplendoroso azul celeste.

Da minha varanda contemplo o nevoeiro que não me deixa ver para lá da rua detrás. Há apenas algumas luzes que lutam por se fazer ver, corajosas e solitárias, tentam contrariar a reduzida visão.

Sente-se no ar o misticismo que esta névoa, por si só, acarreta.

Já algum tempo que me questiono sobre algumas coisas e agora entendo que toda a minha sapiência de nada me serve, quando os factos recorrem directamente a mim. Vejo que, também eu, estou cego pelo nevoeiro que se instalou na minha vida.

Sinto raiva de mim, ou mesmo repúdio.

Observo uma tesoura no cimo da mesa, e tomo a liberdade de incriminá-la na minha doença, usando-me dela para rasga o meu peito e abrir o meu coração, mas para meu espanto tudo o que sinto é apenas o velho bafio do vazio que em mim se instaurou.

Sinto-me a salivar de tanto acre saborear. Há um tom de azedo no ar e minha mente não para de culpar aquela tesoura pelo corte incisivo que fez no meu peito.

“Acorda Nuno!”, oiço eu! Estarei eu a sonhar? Mas logo sinto o quente fluido que se esvai pelo meu peito. Não é sangue, para meu espanto! São apenas lágrimas choradas pelo por uma alma mal lavada.

Não entendo o que os anjos querem de mim, não percebo se me pedem perseverança e insanidade ou pedem apenas para eu não ser mais quem eu nunca fui.

Já não sei mais que pensar… Estou cansado de ser uma marioneta nas mãos da vida, estou farto da sua hipócrita ironia, estou cansado de ver o que não me era permitido ver, estou exausto, estou… cego…

1 comentário:

Sophie disse...

As lágrimas que a alma chora secam devagar... escorrem por nós, molham-nos por fora, corroem-nos por dentro, cicatrizam e ficam lá... marcas de experiência e de vida...nada de retrocessos, em frente é que é caminho...
até breve...;-)

Bjinhos