30 de maio de 2007

Estado de espírito: Vegetal

Estou cansado… Só ainda não percebi se estou mais cansado física ou mentalmente.

Tenho o corpo dormente, os olhos pesados e as costas queixam-se por tudo e por nada, mas também a minha mente parece estar assim. Tento ter forças para carregar o que é meu.

Admito que nem sempre tenho razão, mas não nego que haja razões para me sentir tão só.

A temperatura é amena, neste meu refúgio, deixo-me ser submetido a esta angústia generalizada. Perco o meu olhar nas paredes vazias. A dormência apodera-se de cada músculo, dificultando-me até a escrita.

São dias difusos, estes que ando por ai sozinho a definhar. Já não sei bem o que fazer para voltar a erguer a bandeira. Estou sem inspiração, não estou com vontade para nada, estou amorfo, não estou…

29 de maio de 2007

Sob o signo do Capricórnio. Parte I

Hoje, enquanto conversava com alguns colegas de faculdade, fui surpreendido com a seguinte afirmação: “Mas que signo és tu? Capricórnio!!! Só podia…”

Tenho que admitir que não foi a primeira, nem segunda e nem a terceira vez que alguém me disse tal afirmação. Desta vez decidi averiguar o porquê de tais afirmações. Quem me conhece que sou um céptico, mas decidi não negar uma ciência que desconheço.

Eis então o que consegui apurar:

Expande-se em geral tardiamente, pois a precocidade não é o seu forte.(Hmmm será?).

É reservado, reflexivo e tímido, pois tem medo de se tornar aborrecido (Tenho que admitir que até tem a sua razão).

Avesso a qualquer tipo de oportunismo, tem convicções profundas na autenticidade e na moralidade (Bingo!!!).

Conservador, sério, ambicioso, surpreendentemente social. Eficiente, podendo ser bastante produtivo quando sob tensão ou com um objectivo (Profético!).

Prático, empreendedor, cauteloso. Parece tímido e não agressivo, mas tem paciência e ar de desinteresse até conseguir o que almeja (Bem, até agora, so far, so good). Brilha no mundo comercial, material (Wrong answer!!! Esta é bem ao lado). Sabe fazer manobras (Então de carro…). Valoriza prestígio e realização, senso de dever. Quando gosta, devota-se e sacrifica-se (Xi… onde é que eu já vi isto?).

Aura de melancolia, parece ter dúvidas e pessimismo (Bem acho que é melhor ir à bruxa). Deve se auto estimar e ser menos crítico. Respeito por lei, autoridade, ordem, quer ter uma boa posição também. Tradicional (Querem ver que lá se vai o meu cepticismo?). Dá aos outros o que eles merecem (Para bem e para o mal). Identifica-se com seu trabalho. Frustrado quando novo, porque não tem como canalizar sua eficiência e produtividade (Daqui a pouco estou a telefonar à Maia).

Fragilidade na pele, nos joelhos, tem medo de ficar doente (Só falta referir a terrível alergia ao pólen). Dificuldades reumáticas, artrite, dentes. Preocupa-se com os factos, os detalhes. Tem grande capacidade de utilizar seus recursos e uma presença de espírito seca. Pode ser teimoso (Persistente, volto a frisar!) e diplomata, em caso de necessidade (Teimoso não, persistente!). Não deixa que emoções interfiram no trabalho e na sua própria vida. Leal (Muito!).

Corpo: Vitalidade média, frio, hirto, de porte altivo. Olhar distante, linguagem simples e prática (Há muita gente a queixar-se disso, mas eu não acredito). Ritmo biológico lento; sedentário (Bah! Isto é uma calunia!). Economia de energia e longa vida (Assim espero!). Propensões reumáticas e retardamento das trocas energéticas. Referência anatómica: joelhos, pele, sistema esquelético.

Remédio de fundo: Calcária phosphórica (What a fu...??).

Ervas harmonizantes: losna, funcho (Drogas não, obrigado).

Incensos: Lótus e Alecrim.

Psique: Acção da percepção e dos sentidos sobre a alma de base. Ego concentrado na racionalidade defensiva, (Tenho que admitir que jogo um pouco na retranca) com predomínio do juízo anti-agressivo sobre a receptividade sensível. Pessimismo e desconfiança; carácter reservado. Temperamento mental-motor; humor seco e mordaz. Pensamento de fluxo constante, (Always bombating!) conteúdo perseverante e materialista (Discordo… não podem estar sempre certos!); concentração atenta, excelente memória (Onde? Como? Quando? Não vi…). Gostos e hábitos convencionais; moral conservadora. Impulsos controlados. Tendência à avareza e refúgio no trabalho (Avareza? Vê-se mesmo que não me conhecem!).

Afectividade: Tímida, solitária e proteccionista (Afirmativo!). Sexualidade exigente. Cautela com as paixões (Confirmo!). Serenidade estóica. Carência afectiva e teimosia (Xiça penico!! Será eu é necessário voltar a dizer que não é teimosia, mas sim persistência?); busca estabilidade emocional ou o celibato. Amor receoso, reflexivo e egoísta (Até isto eles sabem? Acho que ando a ser espiado!).

Sua missão e seu Dom nesta vida: (Esta é a minha parte favorita!)

A Ti, Deus pede o suor de tua fronte, para que possas ensinar aos homens o trabalho.

"Não é fácil a tua tarefa".

Pois sentirás todo o labor dos teus homens sobre os teus ombros, mas, pelo jugo da tua carga, ser-te-à concedido o dom da responsabilidade.

(Desta eu gostei muito!)

Just a quick thought

Existem derrotas e isso é incontornável, ninguém escapa delas.
Por isso, é melhor perder alguns combates na luta pelos meus sonhos do que ser derrotado sem sequer saber se estou a lutar e pelo que luto.
Inconformado? Sim...
Resignado? Nunca...

28 de maio de 2007

My precious! - Uma história bem "tuga"!



Caros leitores, não se deixem enganar pelas aparências. Estava eu no caminho de volta ao meu lar quando tudo aconteceu. Como de costume entrei no metro do Saldanha. O cais parecia mais vazio que o normal, e quando o metro chegou apenas havia algumas pessoas de pé (incluindo eu). Dispôs-me no corredor que é formado pelos bancos. Já perto da estação do Campo Pequeno, a senhora que estava sentada a minha frente levantou-se para sair e eu, que até costumo viajar em pé, decidi sentar-me. Comecei por tirar a mochila das costas, e no momento em que já estava a flectir as pernas para me sentar deparei-me com a situação, no mínimo caricata, de uma senhora de idade já sentada no lugar, que eu supostamente iria ocupar.

Pois é meus caros leitores, a senhora, certamente já octogenária, de aparência frágil, havia mirado o “meu spot” do outro lado da carruagem, e destemidamente, largou a bengala para o alto e lançou-se num passo extremamente veloz em busca do “seu” precioso lugar.

Eu fiquei pálido com tamanha ousadia, para não dizer mesmo cara-de-pau, que aquela aparentemente inocente senhora de idade teve. No final, ela ficou a olhar para mim com um ar como que a dizer, “Querias, não querias? Mas é meu” , o que me deixou realmente assustado.

Já a chegar a Entre Campos, lá consegui arranjar o “meu” banco e confortavelmente instalado, via o metro chegar ao Campo Grande, e como é usual nesta estação, saiem 50 pessoas e entram 100, isto por cada carruagem, e é no momento em que as portas se abrem que se dá a grande batalha. As 50 pessoas que saiem dão origem a 40 lugares sentados, e das 100 que entram, 99 ambicionam esses 40 lugares. A matemática é simples, 40 – 99 = -59, o que significa que 59 pessoas ficarão em pé (números não oficiais). É um pouco como o jogo das cadeiras, há 4 cadeiras para 5 pessoas, e elas andam à volta dessas cadeiras, até alguém apitar e elas desatarem-se a sentar. O que ficar de pé é o que perde. Neste caso, esse jogo é desenrolado nas portas das carruagens. É um embate titânico, diria mesmo épico. As pessoas que saiem do metro, com pressa para garantirem um lugar sentadas no autocarro versus aquelas que tentam alcançar um lugar sentado no metro (é preciso tomar em conta que do Campo Grande à estação final são 5 minutos). O vencedor é aquele que consegue empurrar mais e deixar menos pessoas saírem… é fácil.

Perante tal cenário, decidi brincar um pouco com a situação, e tomei a iniciativa de oferecer o meu lugar de bandeja, sem saber que momentos depois iria estar arrependido. Assim que pensei em ceder o lugar senti que dezenas de pessoas olhavam para mim como que a pressentir o que eu ia fazer. Assim que fiz o primeiro movimento as pessoas começam a fluir para a minha zona, e antes mesmo de eu ter as pernas esticas, um senhor, também já com uma certa idade, sorrateiramente apareceu pelas minhas costas dando-me um pequeno empurram, haviam de ver o desalento expresso na cara dos outros viajantes que iam de pé, e a cara de satisfação do senhor, que havia conquistado o lugar (mais uma vez é de ter em conta que estávamos a 4 estações da estação final.

Pois é, é preciso ter muita atenção quando andamos nos transportes públicos, e quando uma pessoa de idade se aproximar de vocês e fizer aquela carinha de pessoa com dificuldades de locomoção, não cedam o vosso lugar, pois essas pessoas, sexagenárias, septuagenárias e por ai em diante, são verdadeiras aves de rapina, no que toca a conquistar lugares sentados nos transportes. Eles não terão piedade de vocês…

Só não sei como é que ainda não houve nenhum idiota, a cobrar os passes mais caros se se quiser viajar sentado… estava milionário…

Desmotivação e/ou desnorte.

Hoje foi mais um estranho dia cheio de vazios. Um dia passado na presença de uma sentimento de impotência. Senti a vida a passar por mim sem que eu nada fizesse para segura-la. Todo eu emano um odor a desleixo. A barba ficou por fazer, a mala por arrumar, a cama por arranjar, a vida por viver. Sinto-me extremamente desmotivado. Mora em mim um nada de vontade. Estou a deixar-me afundar em sentimentos tristes, estou amarrado a uma âncora de solidão.

Passo os dias a ver as horas passar, sem que eu aja. Há algo em mim que me impede de atacar o presente para amenizar o futuro.

Sinto-me perigoso para mim mesmo, sinto um sabor de derrota na boca, uma derrota auto-infringida. Aproxima-se mais uma época crucial da minha vida e pareço não ter forças para a enfrentar.

Algo de grave se passa comigo e eu preciso de mudar isso, mas primeiro tenho de saber por onde começar…

Estou perdido.

26 de maio de 2007

Manga-Peach

O fim de tarde proporciona-se calmo. Há apenas uma leve brisa no ar. Chego-me para perto da porta da minha varanda, o vapor quente do meu chá embacia um pouco o vidro, mas mesmo assim consigo desvendar o horizonte. Sinto o odor adocicado do meu chá Manga-Peach, a flutuar pelo meu quarto. Decidi brindar este momento com um som diferente, um som já algo esquecido por entre o baú das recordações. Cousteau patrocina o sonoro com o seu álbum Sirena. Como pano de fundo apresenta-se uma Lisboa vestida de azul. Sento-me no puff, fumo a minha alma e bebo mais um gole do meu espírito, fixo o meu olhar no rio Tejo e assim permaneço… depois de algum tempo vejo que já aprendi a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e amordaçar uma, que amar não significar apoiar-me em alguém, que a companhia nem sempre significa segurança, que os beijos não são contractos e os presentes não são promessas… Sinto-me mais maduro, o som embala a esse sentimento e o chá ajuda a engoli-lo.

”Estranha forma de sentir” … penso eu no meio de mais um trago…

Mãe!! Oh pa mim no concerto de Dave Matthews!!!


Dia 25 de Maio 2007, dia em que o génio musical de Dave Matthew inundou os ouvidos de dezenas de milhares de portugueses no Pav. Atlântico com o seu Blues n' Roll!
Magnifico concerto. Grande espectáculo... e eu estive lá...

22 de maio de 2007

... sadly ever after.


Hoje foi mais um dia anormalmente comum.

Desde cedo percebi que não ia ser um dia particularmente animado. Acordei de madrugada, abri os olhos e observei o tempo passar pela abertura dos meus cortinados. Senti logo o peso do cinzento em mim. Virei-me para o outro lado, mas os meus olhos não mais se fecharam. Apertei com força os lençóis, como que a fazer força para evitar que a gravidade aclamasse uma lágrima minha. Senti que seria um dia condenado a melancolia. Para mim chovia em todo lado… até no meu quarto.

Passei o dia todo lutando para que a água que se havia acumulado nos meus olhos não descesse incessantemente pelo meu rosto.

Agora, cansado de tanta força fazer, não consegui evitar que ela caísse. Senti-me derrotado por tanta adversidade, por tanto desgaste… não há forças que aguentem tanta pressão. Sinto que a vida me promete bonitas faluas, mas apenas me dá amarguras.

Não estou deprimido, estou sim triste. Sinto-me só, cada vez mais só, apesar de estar sempre entre amigos, mas, por mais que eles nos digam muito, por mais que eu goste deles, eles não conseguem preencher-me na totalidade, e é esse vazio que sobeja que me acaricia cada vez mais a alma. Passo horas amparando as paredes do meu quarto, contemplando fotografias, afogando-me em melodias.

Por vezes sinto que sou o único a sofrer deste mal, o mal vulnerabilidade sentimental…

Hoje passei o dia monocromático… passei o dia cinzento, passei o dia sem estado de espírito, amorfo…

Não sinto estabilidade em lado nenhum, procuro um porto de abrigo mas não consigo achar, preciso de alguém para falar, mas, por vezes, todos me parecem distantes, e são aqueles que nem confiança temos, que nos vão dando ânimo para nos mantermos na corrida.

Não sei que fazer para evitar estes momentos tão tristes, tão densos e opacos. A solidão é um sentimento tão subjectivo, tal como tantos outros…

Estou triste mais uma vez… acho que vou largar mais uma lágrima…

FMM, um grande festival.


Aproximam-se os exames. Os nervos em franja, o nervoso miudinho, os longos dias de estudo, mas o pior de tudo é os 3 grandes concertos que vou ter de perder derivado aos exames. Gotan Project, Nouvelle Vague e Norah Jones… pois é… eu todo, sou lágrimas, mas nem tudo é mau e a esta altura do campeonato tudo se proporciona para mais um grandioso final de Julho.

Sim, mais uma vez, tudo aponta para a repetição da minha presença em mais um FMM (Festival Músicas do Mundo) em Sines.

Com a aproximação de tal data é mais que normal que as memórias do FMM 06 venham ao de cima.

Foram 3 dias de intensa cultura musical de enorme qualidade, 3 dias que, sem sair da mesma vila, corri todo o mundo através da música, musica que veio de todos os continentes…

Foi uma aventura, desde o terminal dos autocarros em Lisboa até a descoberta de novas mentalidades.

Estava já no terminal à espera da minha prima que estava um pouco atrasada, a pesada bagagem estava amontoada num banco, lembro-me que estava impaciente. Sentia algum receio da aventura que se figurava a minha frente, no terminal estava a azáfama natural. Quando me encontrei com a minha prima senti-me mais tranquilo, ela coitada estava mais carregada que eu. Juntos tínhamos uma verdadeira montanha de sacos. A viagem de Lisboa a Sines havia sido rápida, e sem dar-mos por isso estávamos no terminal de chegada, sem saber que rumo tomar. Os dois sozinhos, perdidos no meio de Sines, sem nunca nenhum de nós ter estado lá. Chegamos mesmo a questionarmo-nos mutuamente se estávamos mesmo em Sines. A atitude de chamar um táxi fora a mais acertada.

Dez minutos depois estávamos no parque de campismo. Ao deparar-me com um reduzido número de tendas senti algum receio que o festival fosse coisa para poucas pessoas, mal sabia eu como estava enganado. Não tivemos muito tempo para montar tenda, pois a noite aproximava-se e ainda tínhamos de encontrar um qualquer sítio para reconfortarmos os estômagos.

Quando regressávamos ao parque para nos prepararmos para o festival, deparamo-nos com um mar de gente a porta do parque… afinal o cenário estava-se a compor.

Para entrar no castelo deparamo-nos com uma fila com muitas centenas de metros, de facto tudo aquilo estava a superar as minhas expectativas. A viagem ia começar…

Programação do 1º dia:

Gaiteiros de Lisboa – A irreverência musical distinguia bem maneira de estar deles em palco, sons tradicionais portugueses com uma adaptação fantástica a actualidade. Para mim uma excelente maneira de começar um festival como este.

Trio Rabih Abou-Khalil & Joachim KühnUm trio Libano-Germânico composto por uma bateria, uma viola e um piano de cauda. Três mestres do Jazz Clássico e intemporal que hipnotizaram toda a plateia. Sons de uma qualidade impar.

Toumani Diabaté & Symmetric OrchestraPara rematar o primeiro dia no Castelo nada melhor que os sons quentes de África. Davam-se os primeiros ritmos afro do festival. O concerto mais aguardado da noite chegara. Túnicas laranja, limão, melancia e uma constante tentação para as aves invadiam o palco. Ritmos quentes, alegres, fulgurantes explodiam em palco. Uma festa de cor e som impressionante que contagiava a dança no recinto. Milhares de pessoas a saltar a som desta animada orquestra, enquanto Toumani manobrava a kora como se de um volante se tratasse, abrindo espaço na frente do palco aos solos dos vocalistas. O Nigér estava muito bem representado.

A festa continuava pela noite dentro no palco junto a praia, mas o dia havia sido longo e duro e acabei por ter que ir descansar.

Números do dia 27: cerca de 8000 pessoas a dançar nos palcos de Sines.

No 2º dia o festival para mim começava mais cedo. Estava eu a descansar na praia quando o palco da praia foi aberto para um concerto antes de jantar. Nuru Kane trazia até nós e até ao mar a sua guitarra e o seu blues com claras origens africanas. Suas vestes e suas melodias denunciavam bem as suas origens. Do Dakar ao deserto do Sahara.

Programação do 2º dia:

FaridaQue melhor maneira de começar, uma diva e rainha em palco, um colosso em palco, uma poderosíssima voz que acartava com ela melodias belas, mostrando a todos que o Iraque não é só guerra e violência. Uma demonstração de carisma em palco como poucas vezes eu vi. Excelente!!!!!

The Bad Plus – Destes, eu fiquei grande fã, até já tenho 3 álbuns deles. O mais genial e moderno Jazz que eu conheço. Sem preconceitos, com grande atitude e presença em palco. Três gigantes do Jazz em palco. Um concerto do outro mundo que terminou com um solo do baterista David King que levou a plateia a estratosfera, preparando a plateia para o fantástico espectáculo de percussão que vinha logo a seguir.

Trilok Gurtu – “Senhoras e senhores bem vindos a esta viagem sensorial. Apertem os cintos e segurem-se ao chão que isto vai aquecer”. Esta seria a melhor informação que eles poderiam dar antes do concerto. Gurtu, 6 vezes aclamado o melhor percussionista do mundo não deixou ficar os seus créditos em mãos alheias. Ainda o publico estava a tentar recuperar o folgo do ultimo assalto do David King já Gurtu estava a começar…e uma vez começando a tocar foi brutal… Gurtu fazia-se acompanhar de mais duas vozes indianas que davam ao seu ritmo avassalador um misticismo único. Definitivamente o melhor espectáculo de percussão que eu assisti… sem dúvida, um dos melhores do mundo, eu estava lá! 12000 pessoas estavam em êxtase… Genial.

Na praia uma multidão aguardava o génio Tony Allen. Uma multidão envolvida numa mega afrobeat party, dançando ao longo de toda a praia ou deixando-se banhar pelo funk nigeriano deitadas na areia. As canções diluem-se umas nas outras. O ar é substituído pelo som. Respira-se fundo.

Chegara o último dia. Cada vez havia mais pessoas e o letreiro na porta do parque de campismo dizia: “ Lotação Esgotada”. Na verdade o parque estava no dobro do limite. Todo o cantinho havia uma tenda. O ambiente era fantástico. Muita gente jovem, de muitas nacionalidades, de muitos estilos, todos a conviver sem qualquer preconceito ou discriminação.

Programação do 3º dia:

VärttinäTrês belas e sensuais finlandesas apresentavam-se em palco com um ar angelical. Suas belezas figuravam por todo lado mas era o folk que elas ali traziam que revigorava todos os presentes. Maneira muito agradável de começar o último dia.

Cordel de Fogo Encantado – Quando este grupo entrou em palco, olhei para a minha prima e perguntei-lhe “Quem são estes alucinados? Não me parecem bater bem da cabeça!”. E de facto não batem bem! Brasileiros, vindos do sertão traziam com eles, na bagagem muitos tambores, um triângulo, um violão e imensa insanidade! O facto é que eles cativaram-me de tal maneira que não resisti a arranjar 5 dos álbuns deles, e sinceramente, é difícil de dizer qual o melhor. Colossais, fantásticos, brutais, magníficos, geniais, bestiais etc, etc, etc… Lindo!!! Uma mistura de teatro e música inimaginavel!!! Percussões de rasgar os tímpanos, um violão tão assertivo quanto elas e, sobretudo, a cascata de poesia que caía da boca do vocalista, uma mistura de Cristo, Diabo e Pierrot, fizeram do espectáculo uma tocha inflamada de paixão lírica. Quero vê-los mais vezes em Portugal!

Seun Kuti & Egipt 80Por último um enorme espectáculo musical. Kuti trouxe até nós uma forte sátira aos americanos incrustada nos ritmos africanos. Colocou mais de 20 pessoas em palco a tocar instrumentos diferentes, incluindo Tony Allen. Cor, ritmo, dança, feitiços e rituais, a magia estava no ar! Plateia ao rubro, quase que dava para sentir o sabor da África central invadir-nos a alma! O brilhante final!

Ainda não sei que me espera este ano, e é isso que me entusiasma mais…

Tudo farei para marcar uma presença do FMM 07. Tenho a certeza que vai ser, mais uma vez, inesquecível!

20 de maio de 2007

Communiqué



Este fim-de-semana falei…

Falei muito, falei pelos cotovelos, falei o quanto baste e falei até que a voz me doesse, falei…

Falei de coisas interessantes, de coisas menos interessantes e de coisas sem qualquer interesse, falei de coisas fúteis e de coisas importantes, falei de trivialidades e de complexidades, e mais uma vez… falei…

Consequentemente falei de futebol, carros e mulheres bonitas, falei de café, água e chá, falei de açúcar e canela, falei de doces e amargos, sexo e idade, falei de mim… falei…

Falei de realidades e virtualidades, bem como política e a gripe das aves. Falei do tempo e dos tempos que correm, falei de virtuosismo ou a falta dele, falei no passado, no presente e futuro. Falei de dores nos pés e da posição do Papa no mundo. Falei preço do petróleo, do preço do café, e vejam lá vocês que até no preço das camisinhas falei.

Falei deste e do outro mundo, falei daquilo que sabia e até do que penso saber. Falei dos falatórios e de certos silêncios, falei de opiniões e de desopiniões. Falei de gostos e de desgostos… e no fim de tudo… ufa… continuei a falar…

Falei com virtuosos, falei com intelectuais e menos intelectuais, falei com gente muito bonina, gente bonita e gente menos bonita, falei com altos e baixos, gordos e magros, fortes e franzinos, falei com homens, mulheres e com aqueles que estão no meio-termo. Falei com gente “importante” e gente “menos importante”, falei com jovens e com pessoas mais experientes, falei com pessoas inteligentes e com pessoas não tão inteligentes, falei… ainda mais…

Falei em espanhol, português e inglês, falei com um sorriso, falei com grande avontade com os homens e as mulheres sempre com charme carregado de muito respeito. Falei com empregados de balcão, empregadas de limpeza, gerentes de grandes firmas e advogados, jornalistas e produtores, falei também com as bonitas promotoras que estavam em toda a parte.

Falei com o meu patrão e com o patrão dos outros, falei com os meus subalternos e com os subalternos dos outros, falei com quem devia e com quem não me apetecia, falei com quem conhecia e com quem nunca havia trocado qualquer palavra…

Três dias de intensa comunicação, três dias de imenso falatório, três dias de muita experiência e convívio. Três dias que já terminaram, mas no final deste gratificante fim-de-semana, adivinhem lá o que fiz… Escrevi!

16 de maio de 2007

My Playlist.

Hoje decidi dirigir-me a todos com uma proposta.

Venho por este meio propor a minha “playlist”, uma selecção musical, quase escolhida ao acaso, sem qualquer ordem aparente, uma selecção que eu carrego no meu leitor de MP3 para todo lado.

Algumas das músicas são pouco divulgadas, mas todas elas são de uma enorme qualidade, apesar disso recomendo ouvi-las como um todo e não individualmente.

Todos aqueles que me conhecem sabem bem que tenho uma agravada dependência pela música e que a música revela muito do meu estado de espírito, esse estado é que define o género a ouvir. Porem desta vez é ao contrário, mediante tal selecção, o meu estado de espírito é que se alterou.

São músicas ligeiras, suaves, que para mim, tiveram o engenho e arte de transformar os quilómetros de ruas que todos os dias percorro, em meros metros, músicas que proporcionam uma amena leveza na alma levando, quase por imposição, há emancipação de um sorriso, sorriso esse que não desarmou o dia todo.

Para aqueles que me conhecem, não tenham já a ideia que é mais uma selecção de Jazz daquelas que eu costumo ouvir, pois eu sei que a maioria não ia nessas cantigas, são apenas músicas calmas que acho que todos deviam experimentar ouvir.

Acho que é uma selecção que se encaixa em qualquer ambiente, na esplanada com amigos, num passeio mais solitário por um qualquer parque, numa manha qualquer de praia, enquanto sentimos as mãos enterradas na areia e o mar a nossos pés.

São “apenas” músicas que nos enchem a alma e nos despojam dos maus sentimentos.

Espero que gostem.

My playlist: (autor: nome da música)

Iron and wine: Such great heights

Frou Frou: Let go

Bonnie Somerville: Winding road

Zero7: In the waiting line

Zero7: Simple things

Cary Brothers: Blue eyes

Nick Drage: One of those things first

The Shins: New slang

Coldplay: Don’t panic

Colin Hag: I just don’t think I’ll ever go

Remy Zero: Fair

Simon & Garfunkel: The only living boy in New York

Thievery Corp.: Lebanese blonde

Coldfinger: Cover sleeve

13 de maio de 2007

O lado negro de uma sociedade.

É brutal… hoje deparei-me com a frieza da sociedade que vivemos. Uma selva urbana que é regida pela lei do mais forte, o mais soberano, o mais tirano.

Somos todos tratados como números, somos todos apenas um número que valoriza e enriquece os poderosos. Somos apenas meros seres manipulados para gerar mais riqueza para aqueles que gerem tudo.

Onde está o sentido humanitário? Onde está a capacidade de sentir? Cada vez mais me apercebo que aquilo que chamamos de valores, não passa de uma mera conversa.

Pergunto-me se ainda existe solidariedade, compaixão, companheirismo, camaradagem, e o que observo é que nem respeito existe. Desconfio de toda a solidariedade, acredito que quem o é, é por interesse, é porque tem alguma coisa a ganhar com isso. Pergunto-me se serei o único a acreditar em tais valores? Será que há mais alguém que dê sem esperar nada em troca?

Paro para pensar e apercebo-me que os animais na selva conseguem ser mais solidários e piedosos que nós. Vivemos numa sociedade cada vez mais cruel e fria, cada vez mais desumanizada. O que nos distinguia dos animais esvanecesse na cor do dinheiro.

Dinheiro… o cancro da sociedade humana… por ele destruímos vidas, matamos pessoas, por ele deixamos de apreciar o que de melhor há para se viver, aquilo que nem o dinheiro compra. Pessoas que são capazes de substituir o barulho do mar, pelo da caixa registadora, a paz de uma seara pelo stress de um centro comercial, um sorriso por uma lágrima de dor.

Está instituída a endocracia, uma sociedade onde se vive sem qualquer respeito pelo próximo… onde a lei do próprio umbigo é que conta… até na selva o Leão respeita mais as suas presas.

Ética, compaixão, solidariedade, moralidade, exemplo, camaradagem… está tudo a morrer…

Estou triste…

12 de maio de 2007

Pontos de vista!


Sun, Sand and Sea!


De repente saltei da cama!

Olhei para todos os lados numa tentativa de perceber donde estavam a disparar! Com o coração a mil batidas por minuto, acabei por perceber que todo aquele barulho advinha do despertador do meu telemóvel, que desta vez ficou colado ao meu ouvido, em vez de ficar no outro canto do quarto. Jurei para mim, nunca mais adormecer com o telemóvel tão perto dos meus ouvidos, pois sujeito-me a ter um ataque cardíaco.

Ainda agitado, tentei focar os olhos no monitor para tentar descortinar as horas. Eram 8h40m da manha. Seria uma hora normal de acordar, não fosse o facto de só me ter deitado à pouco mais de 3h. Começar o dia com aquela sensação que vai ser um dia muito longo, não é agradável.

Corri os cortinados para ver o estado do tempo. Algumas nuvens passeavam-se no azul celeste, nuvens que não agoiravam grande tempo para esta manha. Percebi que tinha que lavar a cara se queria permanecer acordado durante mais uns minutos.

De tralha arrumada e com um copo de leite fresco do estômago, sai de casa. O contacto com o ar exterior fez-me logo sentir saudades da minha caminha quente.

Entramos os quatro no carro, e apesar de estarmos todos com cara de mortos vivos, sentia-se que estava no ar a boa disposição. Passei a viagem até a outra margem as cabeçadas. A cabeça estava cansada e as pálpebras pesadas, mas resisti até ao fim da viagem.

Chegados a praia a maresia revitalizou-me o corpo. A conversa estava animada e o sol fazia questão de mostrar o seu brilho e foi como se, de repente, o meu corpo levasse uma injecção de um extasiante qualquer. No meu ouvido trazia uma música animada, que fazia alegoria a felicidade e eu senti-me contagiado. O ritual da bola foi mais curto do que o normal pois, por mais que os nossos corpos parecessem revitalizados pelo toque da areia nos pés e pelo perfume da maresia, as quatro horas de descanso pesaram bastante.

O resto da manha foi passada na toalha. A brisa cessara e sol brilhava alto, aquecendo-me a alma que, de há uns dias para cá, teimava em permanecer morna. Despojado de sentimentos acabei por dormir uns breves minutos, minutos esses que pareceram apenas segundos.

São momentos como estes, que nos revitalizam a vida, nos tornam mais felizes, nos fazem ver que há vida para lá de uma fase menos conseguida. Tocar na areia com a ponta dos dedos e com os olhos pregados no mar, fez-me ganhar forças para virar mais uma página na minha vida, para terminar mais um capítulo, para ver mais além.

Hoje é mais um dia para comemorar a vida, para brindar as noites curtas, as manhas de praia, ao sol, à areia e ao mar, aos cabelos ao vento quando metemos a cabeça fora da janela do carro, aos sorrisos e gargalhadas… aos amigos, pois eles tem o dom mágico de, só com olhar, nos dizerem que vai tudo ficar bem.

11 de maio de 2007

Desconhecidos


Um belo dia de verão e eu enfiado na faculdade a estudar…

Dentro do pavilhão parecia estar muito calor, senti-me desconfortável. A sala era pequena para tanta gente. A garrava de água, já vazia, dava-me sede. Sentia-me melado, e não foi preciso muito até a voz do professor se tornar monótona e chamar o cansaço até mim. A caneta já se arrastava pela folha, quase automaticamente. Parecia que eu havia desligado o cérebro para evitar um sobreaquecimento. Como que por milagre o professor decidia acabar a aula uma hora mais cedo e o meu pesadelo cedo terminava. Arrumei os meus cadernos, e liguei o piloto automático para me dirigir para casa. Assim que sai do pavilhão de aulas, contactei com o ar exterior que me esbofeteou com uma lufada de ar quente. Senti-me zonzo, e comecei a suar…

A meio do meu normal percurso para casa, algo capta a minha atenção que estava focada nos paralelos do passeio. Ali estavam dois rapazes do meu curso, que até por acaso não costumo falar muito, a chamarem-me e a convidarem-me para me sentar ali com eles. Aproveitando o facto de ter saído mais cedo e não estar com pressa para nada decidi sentar-me. A conversa rondou tudo o que é normal num engenheiro mecânico, carros, futebol e mulheres. A conversa alongou-se, o sol batia ligeiro por entre o chapéu-de-sol, dando um tom alaranjado ao local. Entretanto, a simpática empregada chegou-se a mim e com um sorriso escancarado perguntou-me se havia algo que eu desejasse, e aproveitando um certo tom de animação que estava no ar, respondi-lhe que o Euromilhões dava-me mesmo muito jeito, e soltamos os quatro uma gargalhada audível em toda a esplanada. Estava instituída a animação no meio de nós. A minha tradicional água Castello com gelo e limão chegava para refrescar as minhas cordas vocais que pareciam começar a fraquejar por tanta gargalhada.

A água já havia evaporado e o gelo derretido, quando achei que era hora de me ir. Peguei na minha mochila e fiz-me ao caminho com a sensação que tinha deixado dois bons amigos. Eram dois estranhos que por momentos se voluntariaram para partilhar um sorriso, uma gargalhada e dois dedos de conversa comigo.

Por vezes são aqueles que não no dizem nada que melhor conseguem falar ao nosso coração.

A noite vai longa e quente. Na minha varanda e sentado no meu puff observo mais uma vez as constelações. Sinto-me alegre, contente. Não sei porque mas acho que o convívio com dois “desconhecidos” deixou-me mais leve. A futilidade da conversa foi estrondosa, mas até a conversa mais fútil pode ter nobres propósitos. Nada recordo, do que foi dito, apenas as gargalhadas, a alegria expressa nas nossas caras, o sorriso da empregada e o olhar de curiosidade da senhora de idade que se sentava não nosso lado.

Foram momentos diferentes, da rotina que havia instaurado para mim, e soube-me bem fugir dela. Estava a precisar de viver para lá do obvio, para lá do previsto, para lá do conhecido… estar com estas duas pessoas, foi uma verdadeira aventura!

10 de maio de 2007

Who framed the Pigeon?

Pois é, quem terá sido? Eis uma pergunta à qual eu não vou responder. Não por compromisso, mas por não ver qualquer necessidade em tal revelação. O coitado do “Pigeon” foi saqueado, mas também quem refere, com o orgulho e de peito inchado, que já teve 300 pessoas contra ele (ena, em que filme terei visto esta cena???) não deveria ficar surpreendido, alias só tem que ficar surpreendido como é que consegue passear na rua sem lhe fazerem a folha, mas pronto…

Vá-se lá saber porquê, ao que parece, as culpas recaíram sobre mim. Podem argumentar que o facto de eu não ter feito nada até ao momento, para contrariar essa calúnia, pode ser um indicativo de culpa, mas devo assumir que não… não fui eu… com muita pena minha… mesmo muita pena minha, não fui eu. Não é que eu não tivesse já tido essa ideia, mas ainda não havia decidido perder um pouco de tempo com isso. Já percebi que não precisarei de fazer nada contra o Sr. Pigeon pois tem gente suficiente a querer fazer-lhe a folha, que pelos vistos até estão atentos a todas as suas movimentações. Bem eu tenho que admitir que numa situação como a dele, não dormiria com os dois olhos fechados… nunca se sabe quando pode ser alvo de mais um ataque.

Eu acho que toda esta situação deve deixar qualquer pessoa irritada, eu estaria extremamente irritado, mas também não tenho ninguém com motivações para me fazer tal barbaridade!

Tanta irritação só poderia levar a tantos equívocos, e tantos equívocos só poderiam levar a uma emancipação da sua faceta mais endocrática, e tal emancipação só poderia conduzir a um campo de visão tão amplo quanto a amplitude do seu próprio umbigo. Tamanho alcance de visão, só pode conduzir a mais burrices. Também tenho que admitir que tanta burrice afecta a saúde mental a uma pessoa (parto de o pressuposto que essa pessoa possuía alguma antes). Tão grande diminuição de sanidade pode por vezes resultar em complexos, e acho que no caso aqui mencionado, resultou num complexo de perseguição.

Meus senhores e senhoras, atenção, andam carapuças no ar! Vejam lá não as enfiem vocês próprios nas vossas cabeças.

Acho que é claro e evidente que é de minha politica, não enunciar nomes de qualquer pessoa que me seja próxima, no meu blog. Ora é claro que estes textos por vezes tem pessoas-alvo, mas também é bastante claro que para quem é dirigido o texto torna-se claro e evidente que é para ele mesmo. Ora se se acha que o texto em nada combina com a sua maneira de proceder, não se tem que ficar ofendido com qualquer provocação que lá esteja escrita, pois certamente o texto não lhe é dirigido, mas se se fica picado com as verdades escritas no texto…

Com isto tudo não tenho feito mais nada que não estar sentado no meu cantinho, curtindo a minha vida, com os meus amigos, em grandes tardes de esplanada ou serões de cinema, tenho andado empenhado no meu futuro, pois já começo a sentir o curso a terminar, e isto dá-me ânsia de viver ainda mais. Nada tenho feito contra quem quer que seja, mas tenho que admitir que ficar com os louros do trabalho dos outros, neste caso particular, está me dando um grande gozo…

Costuma-se dizer: Os inimigos dos meus inimigos são meus amigos, e acho que eu tenho 300 novos amigos…

Descansa Pigeon, que no dia em que eu entrar em acção, não vai sobrar pedra sobre pedra de ti, e sabes que jogo sempre limpo, não te preocupes que eu terei a hombridade, dignidade, coragem e prazer de te dizer que fui eu.

Mas desta vez, com muita pena minha… não fui eu que te tramei :P

8 de maio de 2007

Trapos e casamentos, viva a Primavera!!!

Os pássaros já cantam no cimo das árvores, as flores brotam, os meus cães acasalam a cada 5 minutos e eu espirro a cada 2. As minhas alergias cutâneas começam a despontar. É mais que claro que a Primavera chegou para ficar!

É claro e assumido, que à Primavera é dado sempre uma conotação de amor no ar. Eu não sinto mais que pólen no ar, contudo o resto das pessoas parecem estar a ser atingidas por uma onda de romantismo.

Nada mais, nada menos que cinco casais conhecidos decidiram dar o nó, e outros dois juntar os trapinhos. Nada disto seria estranho se não fosse o facto de quase todos eles rondarem a minha idade (24 anos). Isto para mim é bastante confuso, já que estou numa fase da vida extremamente incerta o que seria um pouco absurdo um passo desses. Fico frustrado com tudo isto! Sinto-me encalhado, mas mais vale só que mal acompanhado.

O amor está no ar! Viva a Primavera!

5 de maio de 2007

Eu tenho 3 amores, 3 grandes amores!

O sol já ia alto quando os meus olhos se abriram. Senti o corpo mais leve. Parecia que a longa noite de descanso havia resultado. Revitalizado pelo sono prolongado e pelo o banho de água morna, senti que o dia iria ser-me favorável. Apressei-me sobre o guarda-fatos, pois já estava atrasado para almoçar em casa dos meus avós. Com uma leve rapidez, estava fora de casa. Os meus avós moram a apenas algumas ruas abaixo da minha por isso, fui a pé, e durante o caminho vi que o dia estava lindo, de uma beleza tão grande que dei por mim a cantarolar estrada fora!

Já na rua dos meus avós, ouvi algo que me chamou à atenção. Ouvi alguém pronunciar o meu nome! A voz tinha um tom gasto e fraco. Olhei para a casa que estava a minha esquerda, por entre a vedação vi um vulto negro, movendo-se lentamente.

“Só pode ser ela!”- Pensei eu. E foi quando a sua silhueta aparece pelo portão. Com dificuldade ela abre o portão e dirige-se a mim. Como sempre, abraçou-me e repetiu o meu nome quatro a cinco vezes, o abraço era forte, mais forte que eu pensara que ela pudesse ser. Quando se afastou deu-me dois beijos no rosto. Senti sua pele, e vi que estava áspera e carregada de rugas devido aos muitos Invernos rigorosos que vira passar. Foi quando dei conta da lágrima que contornava cuidadosamente cada ruga do seu rosto. Estava claramente comovida. Eu entendia perfeitamente a sua comoção. Ela tinha sido a minha Ama, desde que nascera, até aos meus 10 anos. Sempre a tratei como uma mãe, sempre tive o maior carinho por ela. Apesar de morarmos perto, haviam passado anos desde a ultima vez que eu a vira. Senti um saudosismo muito grande, vindo de dentro e então abracei-a cuidadosamente para não a magoar. Agora era eu que chorava. Afastei-me e olhei-lhe o rosto. Com a sua idade já não dá para disfarçar, já entrou naquela fase em que o tempo não perdoa, e marca cada dia no rosto. Vê-la ali assim, vestida de luto, pela morte de seu marido deixou-me triste. Sentir que o tempo lhe tirou muita coisa, mas não o amor por mim, deixou-me sem ar no peito. De súbdito um flash passou pela minha cabeça e algumas memórias vieram ao de cima. Algumas aventuras e desventuras que vivi enquanto morei naquela rua, enquanto estive ao cuidado de tão nobre senhora. Trocamos breves palavras pois o tempo não era muito e na despedida senti o meu corpo a tremer, a terra voltava a reclamar mais uma lágrima minha.

Eu, céptico de natureza, comecei a desconfiar que por vezes o destino existe e fiquei a pensar no que queria ele me mostrar com estes dois últimos dias. Ele, de maneira subtil havia conseguido juntar, em apenas dois dias as três mulheres mais importantes da minha vida, as três mulheres que mais respeito e amo. As minhas duas avós e a minha ama. Todas ela septuagenárias, todas elas anjos encarnados. Fiquei confuso, mas ao mesmo tempo muito feliz de saber que há quem me ame de uma forma incondicional. Três mulheres sofridas, cansadas pelo tempo.

Foram dois dias muito gratificantes, e só de perceber isso, fico com os olhos carregados de água. Não me interessa de foi destino ou acaso, só sei que foi muito revitalizante todos estes reencontros.

Espero que aconteçam mais vezes…

3 de maio de 2007

Clock goes by… so quickly!

Sete e trinta da amanha e o despertador já tocava. Os olhos, doridos da claridade que invadia o meu quarto, acusavam algum cansaço. Lentamente comecei a habituar-me a luminosidade. Segundos depois acordaram os meus ouvidos fazendo-me aperceber que a rádio tocava uma melancólica musica qualquer. Sentei-me na cama voltei a fechar os olhos, e foi com eles bem fechados que comecei a delinear a minha rotina matinal. Abri os olhos e cheguei-me a porta da minha varanda. Olhei por aquela barreira visível mas transparente. Observei o céu e vi que estava cinzento, triste. A tristeza parece ser contagiante, tão contagiante que a terra não hesitou em usar a gravidade para reclamar de mim uma lágrima. De uma maneira inconsciente transportei-me até à casa de banho. Entrei no duche e cedo percebi que iria ser mais rápido que o habitual, pois a água acusava uma escassez de gás na botija. Com o banho de água morna, despertei o corpo. Dirigi-me ao lavatório para completar a minha higiene. Enquanto esfregava os dentes percebi que só o corpo tinha acordado. A minha cabeça parecia ter ficado no meu quarto. Após a breve passagem pela cozinha, encaminhei-me para o meu quarto, mas no caminho reparei numa foto que se encontrava há anos no mesmo sítio, mas sem saber porquê, só hoje havia reparado nela. Parei um pouco para a observar. Uma foto com mais de uma década e meia, foto essa que incluía quatro pessoas. Ali naquele momento apenas reconhecia duas delas, os meus pais que pareciam inalterados pelo tempo. Do outro lado estavam duas crianças, duas crianças que já não existem, dois rostos muito mudados. Após alguns segundos reconheci-me a mim e ao meu irmão. Sem muito mais tempo para contemplar aquela fotografia, pois o relógio não parava, apressei-me a ir para o meu quarto. A imagem daquela foto não me saia da cabeça.

Enquanto fumava um cigarro na paragem do autocarro voltei a pensar na dita imagem, uma fotografia que já acumulava algum pó na moldura. Senti que o tempo era impiedoso. Veio-me ao pensamento a conclusão que estou apenas a 5 anos de atingir os 30! Poderia ser uma sensação de inevitabilidade mas não, foi uma sensação de alarmante, que me fez perceber que a minha adolescência já vai longe e que ainda não tenho uma vida definida. A ideia de ser um trintão e morar em casa dos meus pais deixou-me apavorado!

O autocarro chegava trazendo com ele a minha rotina. Já sentado mirei-me no reflexo da janela. Voltei a pensar na foto, na minha imagem e perguntei-me em que espaço temporal havia eu perdido a minha inocência! Estava confuso, dei por mim a meditar sobre as minhas memórias, e percebi que havia perdido muitas delas por entre fotografias. Instintivamente o meu corpo moveu-se para o cais do metro. Para ele era só mais um dia, mas para a minha mente algo estava diferente. O metro chegava, como sempre cheio. Acabei por ficar de pé, virado para uma janela. A minha imagem voltava a reflectir-se no vidro, enquanto o metro percorria o breu do túnel, e a desvanecer-se enquanto o metro estava parado nos iluminados cais.

Toda a minha longa manha foi centrada numa fotografia e em breves memórias de um passado já algo distante. Foi mais uma manha triste. Na sala de aulas focava a minha mente na janela que me dava a transparecer uma serenidade no exterior, quebrada apenas pelo abanar dos galhos das árvores quando o vento se erguia um pouco. O céu continuava cinzento, tal como a minha mente, tal como a voz do professor que orava algo ao qual eu não conseguia prestar atenção. Senti uma ausência total de sabor na vida. Deambulei de sala em sala a procura de um estímulo qualquer para me motivar. A manha chegava ao fim sem que algo acontecesse.

Por entre o fumo do cigarro e o aroma do café vi que estava sozinho no meio de tanta gente desconhecida. A foto, ainda presente, alertava-me que o tempo não pára. Senti-me impotente, ali, desperdiçando minutos de juventude que caminha a passos largos para o fim.

A tarde passara sem que me apercebesse bem do que havia vivido.

Agora é noite e eu estou no meu quarto. Algo está diferente desde que o deixei esta manha. Voltei a chegar-me a janela e percebi que o que havia mudado era a cor do céu. Está limpo, ao ponto de tornar visível algumas constelações. No topo encontra-se a lua. Parece-me quase cheia, grande o suficiente para transformar o negrume da noite em apenas sombras. Dispus-me de maneira a ser visado, também, pelos seus raios. Não eram quentes como os do sol, mas funcionaram como um sedativo que alivia a dor.

“Está frio na rua.” Penso eu para mim, e nessa altura correu-me um arrepio pelo corpo. Não consegui perceber se era um arrepio de frio ou se era um arrepio por outra razão qualquer. Abriguei-me de novo no meu quarto. A luz fraca do meu candeeiro de sal, dá um tónico vermelho ao meu quarto. Havia algo naquele ambiente que me perturba, algo que eu não me lembro de ter pressentido antes. Fechei os meus olhos e ouvi um tic-tac. Descobri que tinha um relógio pendurado no meu placard, há anos. Está um pouco atrasado mas funcional. A presença temporal estava a ser uma constante no meu dia. Percebi que algo, desde cedo, me atraía para rever os meus álbuns de memórias. Sem querer contrariar o sentido oportunista do destino decidi corre-los a todos. Ver fotografias da minha infância, pré-adolescência e adolescência faz-me perceber que a vida nem sempre tem sido madrasta, e que até tem me proporcionado momentos de grande riqueza emocional. Por vezes sinto-me injusto para com esses momentos, pois parecem estar escondidos num recanto qualquer do meu coração a ganhar pó, quando merecem ser recordados todos os dias quando acordo.

Seleccionei algumas das fotos, e reordenei o meu pequeno placard, que se encontra afixado na parede frontal à minha cama.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, toda esta premissa transpira verdade. Afastando-me do placard, para que o pudesse contemplar como um todo, e vi como o que parecia tão real e certo anos atrás, não passava agora de meros sonhos e ilusões já esquecidos ou desiludidos. Contudo não deixei de sonhar, de lutar por aquilo que penso ser o melhor, mesmo sabendo que amanhã tudo pode ser um falhanço. Trabalho todos os dias para um futuro mais consistente possível, empenhando-me sempre para atingir a perfeição. Toda esta temática fez-me lembrar uma conversa que tive com uma outra pessoa que me havia dito que exigir de nós a perfeição era um defeito. Na altura não soube argumentar, mas agora vejo que tudo em excesso é um defeito, e sei que é preciso saber exigir de nós. Em todo o trabalho que faço, empenho todo o meu saber, toda a minha dedicação, e sei sempre que o resultado pode ser sempre melhor, mas sei também que fiz o melhor que eu soube. Há quem diga que sempre fui um inconformado, mas esse inconformismo levou-me até onde eu cheguei, e sei que me vai levar ainda mais longe. A essas pessoas que dizem que serei sempre um inconformado, eu respondo dizendo: antes inconformado que resignado, pois é esse inconformismo que me faz crescer.

Fecho os álbuns e mais uma vez guardo-os no devido lugar. Junto das outras pequenas lembranças, como prendas e postais.

Dirijo-me mais uma vez à minha varanda para fumar mais um cigarro. Algo se torna mais uma vez implícito em mim, um sorriso descarado, desavergonhado, cheio de coragem mesmo depois um dia tão triste, tenho imensas razões para sorrir. A vida não pára, e eu também me vou recusar a parar. Não sei donde vou retirar tanta força, mas sinto-me, novamente, capaz de espalhar a minha magia!

“As if life isn’t short enough”

Um novo dia está a chegar…