11 de maio de 2007

Desconhecidos


Um belo dia de verão e eu enfiado na faculdade a estudar…

Dentro do pavilhão parecia estar muito calor, senti-me desconfortável. A sala era pequena para tanta gente. A garrava de água, já vazia, dava-me sede. Sentia-me melado, e não foi preciso muito até a voz do professor se tornar monótona e chamar o cansaço até mim. A caneta já se arrastava pela folha, quase automaticamente. Parecia que eu havia desligado o cérebro para evitar um sobreaquecimento. Como que por milagre o professor decidia acabar a aula uma hora mais cedo e o meu pesadelo cedo terminava. Arrumei os meus cadernos, e liguei o piloto automático para me dirigir para casa. Assim que sai do pavilhão de aulas, contactei com o ar exterior que me esbofeteou com uma lufada de ar quente. Senti-me zonzo, e comecei a suar…

A meio do meu normal percurso para casa, algo capta a minha atenção que estava focada nos paralelos do passeio. Ali estavam dois rapazes do meu curso, que até por acaso não costumo falar muito, a chamarem-me e a convidarem-me para me sentar ali com eles. Aproveitando o facto de ter saído mais cedo e não estar com pressa para nada decidi sentar-me. A conversa rondou tudo o que é normal num engenheiro mecânico, carros, futebol e mulheres. A conversa alongou-se, o sol batia ligeiro por entre o chapéu-de-sol, dando um tom alaranjado ao local. Entretanto, a simpática empregada chegou-se a mim e com um sorriso escancarado perguntou-me se havia algo que eu desejasse, e aproveitando um certo tom de animação que estava no ar, respondi-lhe que o Euromilhões dava-me mesmo muito jeito, e soltamos os quatro uma gargalhada audível em toda a esplanada. Estava instituída a animação no meio de nós. A minha tradicional água Castello com gelo e limão chegava para refrescar as minhas cordas vocais que pareciam começar a fraquejar por tanta gargalhada.

A água já havia evaporado e o gelo derretido, quando achei que era hora de me ir. Peguei na minha mochila e fiz-me ao caminho com a sensação que tinha deixado dois bons amigos. Eram dois estranhos que por momentos se voluntariaram para partilhar um sorriso, uma gargalhada e dois dedos de conversa comigo.

Por vezes são aqueles que não no dizem nada que melhor conseguem falar ao nosso coração.

A noite vai longa e quente. Na minha varanda e sentado no meu puff observo mais uma vez as constelações. Sinto-me alegre, contente. Não sei porque mas acho que o convívio com dois “desconhecidos” deixou-me mais leve. A futilidade da conversa foi estrondosa, mas até a conversa mais fútil pode ter nobres propósitos. Nada recordo, do que foi dito, apenas as gargalhadas, a alegria expressa nas nossas caras, o sorriso da empregada e o olhar de curiosidade da senhora de idade que se sentava não nosso lado.

Foram momentos diferentes, da rotina que havia instaurado para mim, e soube-me bem fugir dela. Estava a precisar de viver para lá do obvio, para lá do previsto, para lá do conhecido… estar com estas duas pessoas, foi uma verdadeira aventura!

1 comentário:

Sophie disse...

È excelente quando assim é, quando as pessoas nos surpreendem pela positiva...(coisa rara nos dias de hoje):)

E tão bom é também recordar uma tarde pelas gargalhadas que ali ficaram...
Que venham mais tardes dessas...!!
:)

Fica bem...

Bjinhos***