31 de outubro de 2007

Uma trajectória.

Pelos paralelos sujos e gastos, eu caminhava. Um trajecto, uma rotina tão normal como o respirar. Parece que o tempo não passa por ali. O louco está sempre na mesma esquina, falando alto para as pessoas que passam como que a partilhar os seus pensamentos insanos, mas que é a insanidade? Que parâmetros definem o que é ou não é insano? A mim parece-me tão ténue a barreira que delimita a loucura da sensatez.

O breu dos túneis mostra-me uma face reflectida no vidro, uma face distorcida pelas outras luzes que estão na carruagem, uma face triste, a minha face.

Já na superfície o sol batia-me na cara enquanto um pensamento batia na minha cabeça.

Não sei se foi pelo embalo do sol ou pelo sabor amargo que residia na minha boca por todas as palavras que proferi que foram contra aquilo que a minha mente queria dizer, mas percebi que não há no mundo uma lei que possa condenar alguém que a um outro alguém deixou de amar. Estava patente a minha desgraça, o meu reconhecimento de um erro… não adiantou em nada fugir, pois o bicho já me havia apanhado. Agora resta-me pouco a fazer senão retroceder tanto o quanto for possível. Há que minimizar os danos e olhar em frente…

Hoje o dia está bonito, quem sabe perfeito para isso…

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