5 de novembro de 2007

Poeira Azul.

Os teus olhos são como negras aranhas que tecem fitas pelo teu cabelo e pelo teu vestido. Em mim tecem desesperos e incoerências.

Pedi-te para voltares atrás naquele minuto. Nunca estivemos tão perto do sol tal como quando Ícaro fugia do labirinto. Lenta ascensão, vertiginosa queda e um arrepio quando os lábios se encontraram.

Queria partilhar tudo contigo… aquela poeira azul que distorcia todo o ambiente que nos cercava, aquele ribombar que ecoava no meu peito, aquele sabor que a minha boca parecia estar a sentir… tudo isto enquanto tropeçávamos juntos pelos olhares da multidão. Eles pareciam querer nos ignorar, mas não havia mal, pois eu sentia-me cheio de orgulho por ser aquilo que desejavas… nem que fosse só naquele momento.

Pálida pele, olhar estrelado, movimentos delicados, um sorriso estonteante… tudo isto se consumia em mim.

Então voltei a pedir-te para voltares atrás naquele minuto. Nunca me senti tão perto da morte e tão vivo ao mesmo tempo.

Queria partilhar tudo contigo… toda aquela poeira azul…

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