1 de março de 2007

Aventuras de uma manhã comum.

Acordei há algumas horas atrás, mas ainda estou dormente. Acordei quando o primeiro raio de sol penetrou pela porta da minha varanda. Levantei-me a procura do telemóvel que devia estar algures no chão do meu quarto… A cabeça latejava, como que a dizer que para deitar rápido, porque a cama ainda estava quente. Finalmente pisei qualquer coisa… Rapidamente cheguei a minha primeira brilhante conclusão…(e última até ao momento): O que se encontrava por debaixo do meu pé era um telemóvel.

Mesmo ofuscado pelo brilho do ecrã, consegui discernir o relógio… ainda era cedo… podia dormir mais 40mins. Aproveitei o balanço da cama quente e fechei os olhos.

“Alguém bateu a minha porta” pensei eu… “Estarei a sonhar?”, e foi quando ouvi alguém a reclamar do outro lado… Comecei a desconfiar que não era um sonho. Foquei a minha atenção e por momentos pareceu-me ouvir “Desliga-me essa merda!!!!”. Foi quando um “clique” se deu… o meu despertador já tocava há largos minutos…

Saltei da cama e apressei-me para o banho, mas assim que abri a porta do meu quarto deparei-me com o olhar malévolo que estava expresso na face do meu irmão… Antes que começasse a chover, dei-lhe os bons dias e fintei-o…

Mal tive tempo para apreciar o meu duche (que por sinal é o meu momento predilecto do dia). Foi tão rápido que nem deu para tirar a remela que estava encrostada no canto do olho. No caminho para o meu quarto, passei pela cozinha a velocidade da luz, apenas e só com o objectivo de tirar um iogurte líquido do frigorífico. As escadas interpuseram-se entre mim e o meu quarto, e sem meias medias desatei a subi-las, mais rápido que me era permitido… Resultado: um pequeno desequilibro e um chavascal gerado pela feroz luta, por mim disputada, para evitar que a minha cara ficasse gravada no chão. A minha mãe pronunciou algo em voz alta do género “Destrambelhado, não tens respeito pelas pessoas, deixa dormir quem trabalha…”, mas foi quando senti que algo me fulminou… lá estava ele à porta do seu quarto… e antes que ele sequer pensasse em dizer alguma coisa… sorri-lhe e tornei a dar-lhe os bons dias.

Quando cheguei a segurança do meu quarto acorri ao relógio e vi que tinha 10mins para apanhar o autocarro. Respirei fundo e lembrei-me daquilo que havia aprendido pela minha própria experiência quando era mais criança (sim eu ainda sou uma criança…), um minuto dá tempo para fazer muita coisa. Abri o guarda-roupa e tirei a primeira roupa que me veio a mão. Consegui beber o iogurte, vestir as calças e procurar o meu passe tudo ao mesmo tempo, e 4mins depois estava a sair do meu quarto… Senti-me cansado e percebi que já não tinha idade para estas correrias matinais…

Esbaforido, penteei o meu cabelo (acho que consegui bater todos os meus recordes, não demorei nem 10seg a pentear), e meti a escova de dentes à boca.

Sai da minha casa como um míssil, pois o autocarro estava a chegar a paragem. Foi algo digno de um documentário… Acho que estou a imaginar o título: “A arte de apertar a camisa enquanto se corre que nem um desalmado”… LINDO! Foi poético, só mesmo visto… acho quem se dirigia no autocarro deve ter achado graça… um totó com um casaco ao ombro, uma mochila na boca a correr enquanto apertava a camisa. O curioso, é que as caras deles não estavam muito sorridentes para mim quando tive de fazer o autocarro ficar parado enquanto procurava a senha do passe. Para variar tinha esquecido de colar a vinheta no passe, todos os meses é sempre a mesma ladainha…

Sentei-me no primeiro lugar vago. Sentia-me amassado, como se, em vez de estar vestido, apenas tivesse enrolado num monte de trapos.

A entrada no metro estava sobrelotada, as pessoas atropelavam-se para chegarem as portas de entrada. Consegui-me colocar naquilo que parecia encaixar-se na de definição de fila. Após atumultuados segundos deparei-me com uma senhora de idade a minha frente, que tentava insistentemente abrir a porta sem qualquer resultado. Eu ainda tentava perceber se tinha os botões das calças bem abotoados quando indelicadamente alguém disse a senhora que estava na hora de ir carregar o passe, e foi então que percebi que não era o único a deixar essas coisas para a última hora.

Sem qualquer espanto, o único lugar que consegui no metro foi o de “esmagado contra a porta”.

O alívio chegou quando o metro parou no Saldanha para descarregar um mar de gente, que num ápice encheram a única saída…

Apressadamente dirigi-me para a faculdade…

Entrei no pavilhão olhei para o andar superior e percebi que ninguém estava a porta… parecia que estava atrasado, tinha que interromper a aula… coisa que eu detesto!

Abri a porta e voltei a ter a sensação que alguém me fulminava com os olhos. Deparei-me com o professor a olhar para mim com um ar de espanto e ameaçador, a minha primeira reacção foi de por a mão nos botões das calças, pois pensei que podia ter a loja aberta, mas eis senão quando, o professor disse: “Que é que estás aqui a fazer, isto é que são horas???”. Engoli em seco e pensei para os meus botões, “Fogo não estou assim tão atrasado…”. Sem qualquer movimento brusco tirei o telemóvel do bolso e vi que eram 8h20… Eu não estava atrasado, de facto até estava 10mins adiantado, o problema é que estava na sala errada…

Foi nessa altura que me senti pequeno, pedi desculpa e retirei-me… Para além de desorientado, estava também encabulado…

Sentei-me na sala, o professor estava atrasado, e numa fracção de segundos os meus olhos fecharam-se. Acordei com o professor a entrar na sala… ainda estava a ver tudo desfocado, e já o professor dissertava sobre Organização Empresarial e a Economia Mundial… tive logo um ligeiro presenciamento que as duas horas seguintes iriam ser duras.

A luta foi difícil, mas consegui manter-me acordado, apesar do esforço sobre-humano de tentar ler o quadro e passar para o caderno.

A aula terminou no momento em que estava para entregar as armas e levantar a bandeira branca. Decidi ir lavar a cara na casa de banho, e retirei por fim a remela que estava no canto do olho.

Cheguei ao metro, que nem parece o mesmo quando está vazio, e fechei os olhos… Quando os abri já estava em casa, acho que foi o piloto automático que me trouxe de volta (é uma sorte terem inventado uma coisa destas, o que era de nós sem este instinto primário).

Morto deitei-me sobre a cama… estava fria… tentei lembrar-me da agradável sensação da caminha ainda quente que sentira de manha, mas não adiantou de nada… Não consegui adormecer… o meu dia chegara ao fim… eram 11h30 da manha.

Apesar de tudo, percebi que estava feliz… exausto, mas feliz. Apesar as vergonhas todas, o meu sorriso esteve sempre presente, não se deixando encabular pelas situações erráticas e adversas que foram surgindo… no fundo penso…ainda bem que há dias assim…

1 comentário:

Coisas da Vida disse...

Xi migo...isto é que é um dia...curto mas desgastante! Isso de ir a faculdade por 2 horas dava cmg em maluca! lol ainda tens de me explicar a cena do teu fulminante irmao. lol
bjao e ve se contas tb a história de uma manhã muito fixe ;) andreia