16 de fevereiro de 2007

-Feliz, meu amor, é aquele que aprende a avançar no caminho da vida sem nunca estar só.
-Feliz é aquele que com palavras toca o teu corpo.
-Feliz é aquele que sente pelo vidro a boca que diz que te ama.
-Feliz é aquele que sabe que no dia seguinte conseguira o que hoje ainda não tem sentido – amar-te sempre mais.
-Feliz é aquele que ordena os gestos, suspende os ímpetos, e da a cada musculo que no teu corpo estremece o nome do animal a que ele pertence.
-Feliz é aquele que viu lentamente como era bom conhecer-te.
-Feliz é aquele que explode em lágrimas quando sente que o amante se afasta.
-Feliz é aquele que, olhos na distância dos olhos, diz "amo-te" e sofre por sentir que esta palavra é ainda distancia.
-Feliz é aquele que te segura a cabeça quando tu lhe ofereces o som da tua intimidade mais sedenta: são fios de seda que fazem a aranha magica.
-Feliz é aquele que, no fim do dia, sente a fadiga na língua.
-Feliz é aquele que sabe contigo a metafísica do sexo – e que sabe por isso que quanto mais físico mais metafísico.
-Feliz é aquele que num carro sente que as vozes se transformam em rugidos.
-Feliz é aquele que sabe que alguém vigia e protege o seu sono.
-Feliz é aquele que imagina o olhar ansioso dos homens sobre a evidência do teu corpo.
-Feliz é aquele que te ouve falar e imagina o que escreveste durante a noite.
-Feliz é aquele que sente que a casa se inclina para ti.
-Feliz é aquele que passa o gelo da boca tua para a boca ainda minha.
-Feliz é aquele que vê o espaço tornar-se azul a sua volta.
-Feliz é aquele que os outros sentem que ele é demasiado feliz.
-Feliz é aquele que se esqueceu do tu para ser nos. Um dia vai esquecer o nos para ser a arvore a nossa frente.
-Feliz é aquele que sabe que pode morrer depois de ti – porque conheceu o absoluto da vida, e por isso até na morte pode arder.·
-Feliz é aquele que te escreve antes de adormecer…

Sentimento estranho, intratável: tu és o ponto mais alto e o ponto final.
Todas as causas são coisas no vazio, jogos de marionetas, quando a única coisa que tem uma causa é o lugar onde tu nos dizes – Nós.

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