27 de junho de 2007

Há monstros no escuro.


A noite há muito que se havia instalado. Sai de casa e o vento rapidamente fez notar a sua presença. A rua estava escura, fazendo apenas notar o brilho do único candeeiro em funcionamento. Dirigi-me para a paragem do autocarro e lá contemplei o breu à minha volta. A publicidade lá instalada fazia aquele local parecer uma ilha no meio do oceano.

Ali estava eu, no meio de um denso negrume apenas iluminado por uma qualquer estúpida publicidade, fumando, à espera que algo acontecesse a minha vida, mas tudo o que apareceu foi o autocarro…

Quando entrei deparei-me com um cenário estranhamente familiar, o vazio. Para além do condutor, apenas eu viajava no maldito transporte. Entrei e deparei com um vazio pesado e uma luz que teimava não parar de piscar. A música que ouvia também não era muito animada, e com uma normalidade horrível, a solidão voltou-se a encrostar no meu coração, que desde logo se voltou a sentir pequeno.

Paragem após paragem, o autocarro passava sem ter que parar pois eu estava destinado a começar aquela viagem sozinho e sozinho termina-la… parece ser sempre esse o meu destino.

A viagem de autocarro terminava e logo comecei a dirigir-me ao meu destino, reparei que não havia carros a circular na estrada que costuma ser bastante movimentada…senti um arrepio. A rua pareceu-me mais escura que o normal, não havia vivalma, nem sequer os cães abandonados que por ali costumam deambular marcavam presença, apenas se sentia a presença do vento que fez levantar umas poeiras o que levou que umas lágrimas caíssem do meu rosto.

Havia algo de errado… logo percebi que não era o mundo, mas sim eu…

Agora no meu quarto o cenário não mudou muito, está escuro, apenas iluminado pelo monitor do portátil e da lua que se faz erguer no céu limpo. Vejo agora porque tanta gente tem medo do escuro, pois ele pode acarretar muita solidão, muito vazio. Continuo sozinho… continuo insípido…

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